Sete cidades australianas em confinamento para evitar propagação da variante Delta

por Cristina Sambado - RTP
Loren Elliott - Reuters

Sete cidades australianas entraram em confinamento, numa altura em que as autoridades lutam para tentar travar a disseminação da variante Delta do SARS-CoV-2, altamente contagiosa.

Nas últimas 24 horas foi registado um ligeiro aumento de casos da nova variante. Com mais 200 novos infetados.

Quase metade da população australiana – mais de 12 milhões de pessoas – está a ser aconselhada a permanecer em casa nas cidades de Sidney, Brisbane, Perth, Darwin, Townsville e Gold Coast.  A cidade de Alice Springs, no interior do país, também entrou em confinamento, após o surgimento de novos casos no sul da Austrália.

As autoridades locais estão preocupadas com a possibilidade de que a nova variante do SARS-CoV-2 alastre para as vulneráveis comunidades aborígenes.

Em todo o país, os responsáveis estaduais afirmaram que estavam a enfrentar uma situação de “panela de pressão” à medida que os novos casos da variante Delta, inicialmente detetada na Índia, são detetados. E apelaram a uma campanha de vacinação mais robusta. Apenas cinco por cento da população australiana está vacinada.

Mas as mensagens sobre a principal vacina que está a ser administrada, a da AstraZeneca, são confusas. Os primeiros-ministros estaduais de Queensland e da Austrália Ocidental contestarem a orientação do primeiro-ministro Scott Morrison para que as pessoas com menos de 40 anos possam ser vacinadas.
A variante surgiu em cinco dos oito Estados e territórios australianos, duas semanas após o primeiro surto ser detetado em Sidney.
Depois de meses em que o SARS-CoV-2 esteve quase erradicado no país, os surtos da variante Delta obrigaram a Austrália a regressar a novos confinamentos. 

No ano passado, a Austrália registou taxas de transmissão do SARS-CoV-2 quase nulas, registando apenas um óbito relacionado à Covid-19.

Para travar a propagação do novo coronavírus, o país fechou as fronteiras, impôs quarentena em hotéis e testagem massiva.Caos na vacinação
O lançamento do programa de vacinação no país pelo primeiro-ministro Scott Morrison foi fortemente criticado.

Problemas de abastecimento e a preocupação pública em torno da vacina da AstraZeneca, devido ao raro risco de formação de coágulos, foram alguns dos pontos mais quentes.


Nas segunda-feira, o primeiro-ministro alargou o acesso às vacinas a pessoas com menos de 40 anos, mas esta medida não foi apoiada pelos governos estaduais ou pela Associação Médica Australiana.

Para os críticos, a falta de mensagens de saúde pública agravou a hesitação generalizada sobre a vacina.


O Governo de Queensland acusou o Governo federal de propagar mensagens confusas e afirmou que não iria administrar a vacina da AstraZeneca aos jovens. Alertou ainda que os suprimentos da Pfizer vão esgotar-se em oito dias. Encerramento de fronteiras
A primeira-ministra de Queensland, Annastacia Palaszczuk, apelou a um encerramento das chegadas internacionais, depois de confirmar que os novos casos da variante Delta no Estado foram provocados por um passageiro de negócios que viajava entre a Indonésia e Brisbane que infetou uma rececionista de um hospital.

Queensland colocou, na terça-feira, três cidades – Brisbane, Townsville e Gold Coast – em confinamento durante três dias após a deteção do caso.

“A pessoa que trouxe o vírus para Queensland era um viajante regular, não um australiano vulnerável que estava a regressar a casa… e honestamente acho que necessitamos de uma séria discussão sobre a forma de garantir que as pessoas sejam vacinadas antes de entrar no país”, afirmou Annastacia Palaszczuk à BBC.

“Temos de minimizar o risco. Estamos numa panela de pressão”, acrescentou.

Os Estados de Austrália Ocidental e Victoria também pediram uma reavaliação no número de pessoas permitidas no país.

Nas últimas 24 horas, Nova Gales do Sul registou 22 novos casos de infeção, o que elevou o total para 170 casos.

Sidney e as regiões vizinhas vão permanecer em confinamento até 9 de julho.
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