O senador republicano Lindsay Graham apontou um dedo acusador a Donald Trump na ressaca do ataque suicida num restaurante na Síria que esta quarta-feira fez quatro vítimas entre os norte-americanos estacionados na cidade de Manbij. Dirigindo-se ao presidente, de quem tem sido um aliado, o senador pediu-lhe que repensasse a sua política para a região, em particular a ordem de retirada anunciada há um mês pelo próprio presidente e que Graham acredita poder enviar um sinal errado, tanto a amigos como a inimigos.
A acção foi levada a cabo pelo Estado Islâmico, que o presidente Trump assegura estar já de joelhos, justificação de que tem abusado para justificar uma retirada militar da Síria, alvo de fortes críticas. A primeira baixa desta decisão controversa foi o próprio secretário da Defesa, general James Mattis. O enviado especial dos Estados Unidos para a luta contra o Estado Islâmico, Brett McGurk, acabaria por abandonar funções antes do tempo.
Com um apelo emotivo ao presidente, o senador Graham, que tem sido um dos mais próximos aliados de Trump numa Washington que lhe é de forma geral hostil, acabou por ligar o ataque desta quarta-feira à ordem de retirada do mês passado.
Na opinião de Lindsay Graham, o anúncio de retirada pode estar a enviar a mensagem errada para os dois lados da barricada na região, quer aos amigos dos norte-americanos quer aos inimigos. O anúncio da retirada poderá ter “galvanizado o inimigo que estamos a combater”, referiu Graham durante uma sessão do Senado sobre a nomeação do Presidente de William Barr para procurador-geral.
“A minha preocupação relativamente às declarações do presidente em relação a esta matéria (…) é que as pessoas que estamos a tentar ajudar duvidem agora de nós. E quando eles [Estado Islâmico] se tornam mais ousados, vemos crescer a incerteza nas pessoas que estamos a tentar ajudar. Já vi isto no Iraque e agora estou a vê-lo na Síria”, declarou o senador, que fez questão de deixar esta nota à margem da audição.
“Nunca estaremos a salvo a não ser que estejamos dispostos a ajudar aquelas pessoas que se levantarão contra as ideologias radicais”, acrescentou.
Das declarações de Lindsay Graham, ganha força a tese que vem sendo empunhada contra Trump: o presidente defende a retirada do contingente militar de 2000 homens da Síria por considerar que o Estado Islâmico está derrotado naquele país, os críticos não acreditam nesse definhar do grupo radical.
Pelo meio desta leitura introduz-se o factor Turquia, que deseja fervorosamente que os Estados unidos regressem a casa o mais depressa possível, já que as forças norte-americanas estão alinhadas na região com os grupos militares curdos, inimigos naturais de Ancara.