"Sem oposição. Sem escolha". Charles Michel ironiza e congratula Putin pela vitória ainda antes das eleições
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, parabenizou ironicamente o presidente russo, Vladimir Putin, pela vitória nas eleições que começaram esta sexta-feira e que se arrastam até domingo. As presidenciais na Rússia darão inevitavelmente a reeleição ao homem que já se encontra no poder há mais de duas décadas.
Would like to congratulate Vladimir Putin on his landslide victory in the elections starting today.
— Charles Michel (@CharlesMichel) March 15, 2024
No opposition.
No freedom.
No choice.
A Rússia iniciou esta sexta-feira o primeiro de três dias de deslocação às urnas para eleger o próximo presidente do país. Com a presumível vitória de Putin, que rivaliza com apenas três outros candidatos com hipóteses praticamente nulas de vencerem, este ficará no cargo por mais seis anos.
O próprio Kremlin já declarou que o atual líder, que desde 1999 tem estado no poder como presidente ou como primeiro-ministro, vai ganhar as eleições pois conta com o apoio de toda a sociedade "por ter resgatado a Rússia do caos pós-soviético e por ter enfrentado o Ocidente".
Ao final desta manhã, investigadores estatais em Moscovo anunciaram a abertura de um processo criminal contra uma mulher que terá despejado um líquido dentro de uma urna que já continha votos.
A eleitora foi detida e será interrogada, sendo acusada de "obstruir o exercício do direito eleitoral ou o trabalho dos comités eleitorais".
São mais de 114 milhões os eleitores convocados a irem às urnas, incluindo naqueles que a Rússia apelida de "novos territórios"
- quatro regiões ucranianas controladas parcialmente pelas forças
militares de Moscovo após o início da guerra, que dura há mais de dois
anos.
A Ucrânia veio já frisar que a realização de eleições do país vizinho no seu território é ilegal.
"Meio-dia contra Putin"
Os únicos adversários de Vladimir Putin nestas presidenciais são o comunista Nikolai Kharitonov, o líder do Partido Liberal Democrático Leonid Slutsky e o do partido Novo Povo, Vladislav Davankov.
De resto, os dois aspirantes a candidatos que se declararam como anti-guerra - Boris Nadezhdin e Yekaterina Duntsova - foram impedidos de concorrer pela comissão eleitoral, que alegou irregularidades na sua documentação. As mudanças constitucionais aprovadas em 2020 permitem que, após o fim do próximo mandato, Putin possa concorrer novamente, prolongando assim o seu papel enquanto presidente até 2036.
A oposição tem insistido que este ato eleitoral, à semelhança dos anteriores, é uma farsa. O mais firme opositor de Putin, Alexei Navalny, morreu subitamente no mês passado numa prisão russa no Ártico e muitos outros críticos do regime russo estão exilados ou detidos.
Os apoiantes de Navalny apelaram a toda a população russa para que protestasse, comparecendo às urnas em simultâneo: às 12h00 de domingo, em cada um dos 11 fusos horários do país.
A ação, apelidada de "Meio-dia contra Putin", foi descrita como uma forma de as pessoas expressarem a sua oposição ao regime sem correrem o risco de serem detidas, já que estarão tecnicamente apenas a formar fila para votarem de forma legal. O Kremlin já alertou contra "concentrações não autorizadas".
Ao vencer estas eleições e completar o mandato de seis anos, Putin ultrapassará o líder soviético Josef Stalin e tornar-se-á o presidente mais antigo da Rússia desde a imperatriz Catarina, a Grande, no século XVIII.
c/ agências