"Sem ligação". Israel rejeita autoria de ataque que matou funcionário da ONU em Gaza
O Governo de Israel está a investigar as circunstâncias da morte na Faixa de Gaza de um funcionário das Nações Unidas de nacionalidade búlgara, numa explosão cuja autoria rejeitou. Embora as forças israelitas tenham anunciado o início de uma nova ofensiva no território, o Executivo de Benjamin Netanyahu alega que não "há ligação" da morte à atividade militar na região.
"Enfatizamos que o exame preliminar não revelou qualquer ligação a qualquer atividade" do exército israelita na área, acrescentou.
O Governo búlgaro confirmou a morte do trabalhador humanitário. Em reação Yosef Levi Sfari, embaixador de Israel em Sófia, lamentou o incidente, acrescentando que uma primeira investigação não revelou "nenhuma conexão" com a atividade militar israelita.
"Israel expressa pesar pela morte do cidadão búlgaro, um trabalhador da ONU, hoje na Faixa de Gaza", publicou também nas redes sociais Levi Sfari. “A investigação inicial não encontrou nenhuma conexão com a atividade das IDF".
Horas antes, as forças armadas israelitas emitiram um comunicado afirmando que não tinham "bombardeado um complexo da ONU em Deir al-Balah", contrariando relatos sobre o incidente. Afirmaram ainda que as forças armadas "estão a auxiliar" na evacuação do corpo e de feridos para tratamento num hospital em Israel.
O porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, Farhan Haq, declarou que a explosão foi causada por "um dispositivo explosivo lançado ou disparado e detonado dentro de um edifício", deixando claro que "não era um dispositivo não detonado" que tenha sido acionado. A mesma fonte confirmou que uma pessoa morreu, uma segunda estava em estado crítico e outras quatro ficaram gravemente feridas, todas funcionários da ONU, mas não forneceu os seus nomes ou nacionalidades.
As forças armadas israelitas lançaram uma "operação terrestre limitada" para retomar parte de um corredor fundamental de Gaza, entrando na área do Corredor de Netzarim e capturando cerca de metade da área até à estrada de Salah a-Din.
A movimentação de tanques para Netzarim não é considerada uma invasão total, mas é a maior escalada qualitativa de novas hostilidades desde o cessar-fogo de 19 de janeiro, de acordo com o diário Jerusalem Post. O exército disse que as operações terrestres visam expandir a zona de segurança e criar um tampão parcial entre as partes norte e sul da Faixa, noticiou o jornal.
Esta nova ofensiva de Israel acabou com uma trégua com o Hamas que durava desde 19 de janeiro e enquanto era negociada, com mediação internacional, uma extensão do acordo que permitiu libertar reféns na posse do grupo islamita palestiniano e prisioneiros palestinianos detidos pelos israelitas.
Israel exige que o Hamas liberte metade dos restantes reféns em troca da promessa de negociar uma trégua duradoura, mas o Hamas pretende continuar com os planos do acordo de cessar-fogo original alcançado pelas duas partes, com a mediação do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos.
O retomar da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza resultou na morte de centenas de pessoas, de acordo com números divulgados pelo Hamas em Gaza. Este ataque eleva o número de funcionários da ONU mortos em Gaza desde o início do conflito no enclave palestiniano para pelo menos 280, de acordo com as Nações Unidas.