Seis meses de guerra. Ucranianos assinalam o Dia da Independência

por Carlos Santos Neves - RTP
Comemora-se esta quarta-feira o 31.º aniversário da independência da Ucrânia Roman Pilipey - EPA

A Ucrânia celebra esta quarta-feira o Dia da Independência. A data coincide com a marca dos seis meses da invasão russa, desencadeada a 24 de fevereiro. Ao assinalar a efeméride, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterou que o país vai defender-se "até ao fim".

Este é o 31.º aniversário da independência da Ucrânia, declarada a 24 de agosto de 1991, na antecâmara do colapso formal da União Soviética. A data é celebrada sob apertadas medidas de segurança. As autoridades de Kiev temem um acentuar da ofensiva das forças russas.

Nos últimos seis meses, a guerra semeou a destruição em solo ucraniano. Desencadeou um movimento de assistência militar, por parte do Ocidente, que perfaz largos milhões de dólares e euros em material de guerra enviado às tropas da Ucrânia. O Dia da Independência da Ucrânia será igualmente celebrado em cidades europeias como Lisboa e Berlim, onde terá lugar uma “marcha pela liberdade”.


Segundo dados coligidos pelas Nações Unidas, morreram, desde o final de fevereiro, mais de 5.500 civis. Contudo, o número real deverá ser muito superior.

No domínio das infraestruturas, a Escola de Economia de Kiev calculou em 113.500 milhões de dólares, o equivalente a mais de 114 mil milhões de euros, os danos causados pelo conflito.

Alvo de pacotes de sanções sem precedentes, a Rússia de Vladimir Putin permanece apostada em levar por diante uma guerra de desgaste. Na terça-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, antevia já um inverno difícil.
"Até ao fim"

Num discurso à nação, por ocasião do Dia da Independência, o presidente ucraniano renovou a promessa de um combate "até ao fim" e sem "qualquer concessão ou compromisso" contra os ocupantes russos.

"Aguentámos bem durante seis meses. É duro, mas cerrámos fileiras e batemo-nos pelo nosso destino", clamou Volodymyr Zelensky."O inimigo acreditava que seria acolhido com flores e champanhe. Recebeu coroas mortuárias e cocktails Molotov. Esperava ovações, mas ouve explosões", atirou Zelensky.

"Para nós, a Ucrânia é a Ucrânia inteira. Todas as 25 regiões, sem qualquer concessão ou compromisso", insistiu o chefe de Estado, para reiterar o objetivo de reaver o Donbass, no leste do país, região sob controlo de separatistas pró-russos desde 2014, assim como a Crimeia, anexada no mesmo ano pela Rússia.

"O Donbass é a Ucrânia. E vamos recuperá-lo de qualquer forma. A Crimeia é a Ucrânia. E vamos recuperá-la de qualquer forma", acentuou.

"O que é para nós o fim da guerra? Antes dizíamos a paz. Agora dizemos a vitória. Não vamos procurar entendimentos com os terroristas", afirmou ainda o presidente da Ucrânia, referindo-se ao Kremlin.
Ministro português dos Negócios Estrangeiros em Kiev
Em Kiev, para as cerimónias do Dia da Independência da Ucrânia, está o ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
Cravinho reuniu-se entretanto com o homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, depois de ter sido cancelada uma deslocação a um memorial dedicado aos defensores da Ucrânia.

Em declarações exclusivas à RTP, o chefe da diplomacia ucraniana disse que "é sempre um prazer receber amigos" e agradeceu o apoio de Portugal.
A visita ao Muro Memorial dos Defensores Caídos estava prevista para as 11h00 (9h00 em Lisboa) e foi cancelada sem que fossem indicados motivos. Todavia, pelas 10h40, hora local, ecoou em Kiev o alarme de ameaça de ataque aéreo.

"É uma honra estar em Kiev neste dia de grande simbolismo, em que se celebram os 31 da independência que a Rússia procurou esmagar", escreveu João Gomes Cravinho no Twitter.


"Trago de Portugal uma mensagem de solidariedade, e de apoio político, militar, financeiro e humanitário", acrescentou.

c/ agências
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