Secretário-geral da ONU na Somália. País assolado por catástrofes e conflitos

por Cristina Sambado - RTP
Ministério dos Negócios Estrangeiros da Somália

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas iniciou esta terça-feira uma breve deslocação à Somália, país africano assolado por conflitos e catástrofes. António Guterres foi recebido, à chegada a Mogadíscio, pelo ministro somali dos Negócios Estrangeiros, Abshir Omar Huruse.

A segurança em Mogadíscio foi reforçada. A maioria das estradas foram encerradas e os transportes públicos restringidos.

Abshir Omar Huruse realçou no Twitter a visita de António Guterres e salientou a importância da “visita para a realização de conversações políticas, de segurança, de desenvolvimento e humanitárias”.


A Somália está a braços com uma seca trágica com um sério impacto na alimentação da população, e o Governo continua empenhado numa grande ofensiva para combater uma ofensiva sangrenta de grupos extremistas islâmicos.

Na mesma rede social, o presidente somali, Hassan Shaykh Mohamed agradeceu a visita histórica de António Guterres ao país “diante de desafios humanitários e da guerra contra o terrorismo” e acrescentou que “mantiveram conversas produtivas” na residência oficial.
A ONU lançou um apelo de 6,6 mil milhões de dólares em ajuda humanitária para o conturbado país do Corno de África, mas o financiamento ronda apenas os 13 por cento.

Cerca de metade da população necessita de assistência humanitária em 2023, com 8,3 milhões de pessoas afetadas pela seca, segundo dados da ONU.

Na passada semana, no Twitter, António Guterres recordou que o “número de pessoas deslocadas por conflitos e secas na Somália atingiu um recorde. A maioria são mulheres e crianças”.


“As equipas da ONU estão no país a trabalhar para atender às necessidades imediatas e de longo prazo. A comunidade internacional não deve esquecer esta crise”, acrescentou o secretário-geral das Nações Unidas.

Partes da Somália, bem como do Quénia e Etiópia estão a passar a pior seca das últimas quatro décadas, exterminando o gado e culturas. Pelo menos 1,7 milhões de pessoas estão a abandonar as casas em busca de alimentos e água.

Na passada semana, em Genebra o coordenador da ONU para a Somália, Adam Abdelmoula, afirmou que “a crise está longe de ter terminado. As necessidades continuam elevadas e urgentes”.

“Algumas das áreas mais afetadas continuam a enfrentar o risco de fome”, acrescentou Adam Abdelmoula.
Guerra contra os terroristas
O Governo somali iniciou, na passada semana, a segunda fase da "guerra total" declarada pelo Presidente do país, Hassan Shaykh Mohamed, contra a organização terrorista Al-Shebab, que se concentrará, pelo menos durante as primeiras semanas, na região central de Hiran.

A primeira fase, que durou oito meses e terminou em meados de março, resultou, segundo estimativas governamentais, na morte de pelo menos três mil terroristas e na recuperação de mais de 70 cidades.

Fontes consultadas pelo Garowe Online, um jornal somali, entendem que a segunda fase terá o duplo objetivo de consolidar o seu controlo sobre as cidades reconquistadas e lançar uma nova ofensiva pela costa do país para alcançar os feudos terroristas no sul.

Para tal, a Somália espera ajuda adicional de clãs locais e novos destacamentos de pessoal militar do Quénia, Djibuti e Etiópia, bem como a habitual colaboração com os militares dos Estados Unidos.

c/agências
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