Secretário de Defesa dos EUA abandona Administração Trump

por RTP
Donald Trump com Jim Mattis em março de 2017 Carlos Barria - Reuters

Na carta de resignação divulgada esta sexta-feira, Jim Mattis revela que decidiu abandonar a Administração de forma a permitir que o Presidente tenha um responsável “mais alinhado” com as suas políticas. A notícia surge um dia depois de Donald Trump ter anunciado a retirada de tropas norte-americanas da Síria contra a vontade de alguns responsáveis dentro da sua equipa.

É mais uma saída de peso da Administração norte-americana. O secretário da Defesa, um general reformado, visto como força estabilizadora na Presidência norte-americana, abandona o cargo no final de fevereiro do próximo ano.  
 
O anúncio surgiu esta quinta-feira no Twitter. Donald Trump escreve na rede social que Jim Mattis “se vai aposentar com distinção no final de fevereiro”.
 
“Durante o mandato de Jim, foi alcançado um progresso tremendo, especialmente no que diz respeito à compra de novos equipamentos de combate. O general Mattis foi uma grande ajuda para conseguir que aliados e outros países pagassem a sua parte das obrigações militares”, escreveu o Presidente norte-americano no Twitter.
 
Donald Trump agradeceu ainda ao secretário de Defesa demissionário e garantiu que o seu substituto será anunciado em breve. 


Este é o quarto membro da Administração norte-americana a demitir-se ou a ser demitido em menos de dois meses e faz parte da longa lista de nomes que já foram afastados por Trump nos primeiros dois anos de mandato.  
 
A Casa Branca de Donald Trump apresenta a maior rotatividade de pessoal ao nível sénior dos últimos cinco Presidentes norte-americanos, segundo as contas do think thank Brookings Institution, citado pela agência Reuters.  
 
O New York Times destaca que Mattis era visto como “o adulto na sala” no contexto da atual Presidência e conta que a relação pessoal do general com Trump se deteriorou nos últimos meses, sendo que em outubro o Presidente republicano acusou mesmo Jim Mattis de ser "uma espécie de democrático".
 
Mas a gota de água que levou à demissão imediata e em protesto por parte do responsável pela Defesa terá sido a decisão de Donald Trump - anunciada esta quinta-feira – de retirar as tropas norte-americanas (cerca de dois mil soldados) destacados na Síria para o apoio ao combate contra o Estado Islâmico.  
 
Durante a tarde de ontem, Mattis ainda tentou, sem sucesso, demover o Presidente norte-americano dessa decisão. Sabe-se que Donald Trump também pretende há vários meses uma diminuição significativa da presença de tropas norte-americanas no Afeganistão, visão com a qual Mattis também discorda.
 
Na carta de demissão entregue a Donald Trump, Jim Mattis deixa notar estas divisões latentes entre o Presidente e o secretário de Defesa.  
 
“Porque o Presidente tem o direito de ter um secretário da Defesa cujas visões estejam mais alinhadas com as suas nestes e noutros temas, acredito que estou certo em renunciar ao meu cargo”, escreveu Mattis na missiva.  
 
O secretário de Defesa agora demissionário destaca também a importância que atribuiu ao sistema de alianças dos Estados Unidos e a necessidade de “certezas” na relação com países como a China ou a Rússia. 
 
"Enquanto os EUA continuam a ser uma nação indispensável no mundo livre, não podemos proteger os nossos interesses ou servir esse objetivo sem manter alianças fortes e mostrar respeito por esses aliados", escreveu.
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