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Scholz confirma moção de confiança e apela à união na Alemanha

por Inês Moreira Santos - RTP
Filip Singer - EPA

Um dia após os grupos parlamentares dos partidos social-democrata e conservador confirmarem a realização de eleições legislativas antecipadas, a 23 de fevereiro de 2025, o chanceler alemão anunciou no Bundestag, o parlamento alemão, que uma moção de confiança será votada a 16 de dezembro e apelou a um trabalho "em conjunto" para o "bem do país" e para evitar um "impasse político".

Dirigindo-se aos partidos da oposição esta quarta-feira, Olaf Scholz pediu que aprovassem algumas medidas, como o aumento de benefícios para crianças e a elevação de limites de impostos, enfatizando a necessidade de tornar o país tão polarizado como os Estados Unidos.

"Não há democracia sem compromissos", afirmou Scholz nas primeiras declarações no parlamento após a dissolução da coligação “semáforo”, com a saída dos liberais.

“Vamos, pelo bem do país, trabalhar juntos até às novas eleições”, apelou o chanceler alemão aos membros do Bundestag.

Uma semana após o Governo de coligação ter sido dissolvido, e de conhecidos os resultados eleitorais nos Estados Unidos, Scholz confirmou que vai pedir moção de confiança já para dia 16 de dezembro, abrindo caminho para as eleições antecipadas de fevereiro, considerando ainda que até lá o Bundestag tem capacidade de ação e deve aprovar as leis importantes.

“A data no final de fevereiro foi finalizada e estou muito satisfeito com isso”, apontou o chanceler, “até lá, o governo federal está em funções. O Parlamento também pode, naturalmente, atuar”, reconhecendo que “os tempos que vivemos são muitos difíceis”.

A Alemanha foi governada desde 2021 por uma coligação liderada pelos social-democratas de esquerda, de Scholz, com os democratas livres e os Verdes. A moção de confiança no parlamento alemão realiza-se depois da demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner (do Partido Liberal, FDP), que precipitou o fim da coligação governamental no poder na Alemanha. Uma decisão “correta e inevitável”, sublinhou o chanceler no início do discurso desta quarta-feira.

Ao discursar também perante os membros parlamentares, esta quarta-feira, Christian Lindner sublinhou que as novas eleições constituem uma oportunidade para a Alemanha. O antigo ministro das Finanças descreveu a sua demissão, pelo chanceler, como “libertadora”.

“Às vezes, ser dispensado de algo é libertador”
, afirmou, dirigindo-se ao chanceler.

Inicialmente, o chanceler alemão pretendia convocar uma moção de confiança para 15 de janeiro, o que levaria a Alemanha a votos no final de março, apenas seis meses antes do previsto, mas, depois da pressão de outros partidos e da opinião pública, mostrou mais flexibilidade.

O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, já aprovou, na terça-feira, o calendário para as eleições legislativas antecipadas na Alemanha acordado pelos principais partidos, considerando o dia 23 de fevereiro uma data "realista" para o escrutínio. Após a saída dos liberais e até às eleições antecipadas, Scholz liderará um Governo minoritário formado pelo seu partido, o SPD, e pelos Verdes.

Recandidatura assumida

No mesmo discurso, Scholz ligou o modo de campanha eleitoral, embora a campanha só comece oficialmente cerca de seis semanas antes de qualquer eleição na Alemanha. Espera-se que quatro candidatos apresentem candidatura e Olaf Scholz já anunciou que pretender recandidatar-se ao lugar, apesar de os sociais-democratas ainda não terem confirmado a candidatura.

Prevê-se que os principais temas da campanha sejam a economia em crise, que levou ao colapso do Governo, um controlo mais eficiente da imigração e as questões de política externa, centrando-se na guerra da Rússia contra a Ucrânia e a próxima presidência de Donald Trump.

Num discurso de meia hora, o líder do executivo alemão esclareceu ainda que falou com o recém-eleito presidente norte-americano, no sábado, sublinhando ter sido “uma boa conversa”.

Olaf Scholz acredita também que a atuação do Governo alemão perante a guerra da Rússia contra a Ucrânia foi a mais adequada, destacando que o país não vai abandonar Kiev.

“É importante que esta guerra não se agrave ainda mais. É importante que esta guerra não se agrave e que não nos tornemos parte da guerra”, declarou. “Desempenhei o meu papel para que não houvesse uma escalada”.

Líder dos conservadores acusa chanceler alemão de estar a “dividir o país”
Depois de confirmada a moção de confiança para 16 de dezembro, o líder da União democrata-cristã (CDU) acusou o chanceler alemão de estar a “dividir o país” e de viver “noutro mundo”.
 
Friedrich Merz falou depois de Scholz no parlamento e defendeu que como “consequência lógica” deveria ter sido convocado uma moção de confiança “imediatamente e sem demora” e não fazer os alemães esperar mais.

“Está a dividir o país, senhor chanceler. É o único responsável por estas controvérsias e por esta divisão na Alemanha. Não se pode governar desta forma”, acusou o líder da oposição e candidato a chanceler, dedicando algum tempo a discutir o caminho até às novas eleições.

O líder dos conservadores vai apoiar alguns projetos, mas, garante, não que não será “o substituto do Governo falhado”.

Friedrich Merz, líder do principal partido de oposição no parlamento, lidera nas sondagens e já foi oficialmente nomeado candidato pelo seu partido em setembro. Falando depois de Scholz, esta quarta-feira, criticou o percurso do atual chanceler e considerou que o país precisa urgentemente de um “tipo de política completamente diferente”, incluindo recuar nas políticas climática e nas questões das migrações.

"A Alemanha precisa de uma política fundamentalmente diferente, especialmente em termos de política de migração, segurança externa e política europeia e política económica"
, disse o líder da oposição.

Merz também criticou o foco único do governo de Scholz em "energia eólica e solar, e-mobilidade e bombas de calor", pedindo em vez disso "uma política de energia e transporte que seja verdadeiramente aberta à tecnologia".
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