O termómetro da tensão no Golfo Pérsico ascendeu este domingo com uma declaração em tom bélico do braço diplomático do Governo de Riade. O ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, Adel al-Jubeir, começou por sublinhar que o reino quer “a paz”, mas assegurou que “qualquer ameaça” por parte do Irão merecerá uma resposta “com toda a força”.
Em conferência de imprensa a partir de Riade, Adel al-Jubeir insistiu na ideia de que “a Arábia Saudita não procura a guerra”. Para logo contrapor, escorado pelas recentes tomadas de posição da Administração norte-americana, que o país “responderá com firmeza a qualquer ameaça” por parte de Teerão.
“Não vamos permitir que o Irão leve a cabo atos hostis contra o reino. O reino responderá com toda a força e firmeza se o outro lado optar pela guerra”, vincou o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros.
“Os problemas na região começaram com a chegada do regime iraniano ao poder”, carregou o governante saudita, recuando ao advento da revolução islâmica de 1979, que derrubou o Xá Reza Pahlevi.
Também este domingo o número um dos Guardas Revolucionários do Irão afirmou que a República Islâmica não teme uma guerra. E não deixará de se defender.
“A diferença entre nós e eles é que eles têm medo da guerra e não têm a vontade para tal”, clamou o major-general Hossein Salami, citado pela agência iraniana Fars.
Cimeiras extraordinárias
Al-Jubeir fez-se ouvir na sequência de um caso de presumível sabotagem de quatro navios ocorrido há exatamente uma semana ao largo dos Emirados Árabes Unidos. E poucos dias depois de os rebeldes houthis do Iémen, conotados com o regime dos ayatollahs, terem reivindicado uma ação contra um oleoduto da Arábia Saudita, com recurso a drones.No passado domingo foram visados dois petroleiros sauditas, um outro norueguês e um cargueiro dos Emirados Árabes Unidos.
Os rebeldes iemenitas visaram, concretamente, um par de estações de bombagem, na região de Riade, de um oleoduto entre o leste e o oeste do território saudita.
No início deste mês, a Administração Trump destacou para o Golfo Pérsico o porta-aviões Abraham Lincoln, o navio de assalto anfíbio Arlington, baterias de mísseis Patriot e aviões bombardeiros, invocando sinais de planos do Irão contra forças e interesses norte-americanos no Médio Oriente.
No sábado, o Governo saudita pediu a marcação de cimeiras extraordinárias da Liga Árabe e do Conselho de Cooperação do Golfo, que deverão realizar-se no final de maio em Meca. As duas reuniões partilham, segundo a agência oficial do reino, um objetivo: “discutir os ataques” aos petroleiros e ao oleoduto e “as consequências para a região”.
Em Teerão, foi noticiado nas últimas horas que os Estados Unidos estarão a reter há já quase sete meses, sem a abertura de qualquer processo judicial, um académico iraniano especialista em células estaminais. A agência Irna emprega mesmo o termo “refém”, no que deverá constituir um novo ingrediente para o caldo da tensão regional.
Trata-se de Massoud Soleimani, um professor da Universidade Tarbiat Modares, em Teerão, que viajou a 22 de outubro do ano passado para os Estados Unidos para alegados trabalhos de investigação. Apesar de possuir um visto, “foi detido à chegada ao aeroporto de Chicago por razões desconhecidas e enviado para uma prisão em Atlanta”, adianta a Irna.
c/ agências
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