O embaixador são-tomense António Quintas, que presidiu pela primeira vez ao Comité de Concertação Permanente (CCP) da CPLP, afastou hoje a ideia de que o acordo de mobilidade possa fomentar a saída dos melhores quadros jovens dos países mais pobres da organização.
São Tomé e Príncipe iniciou hoje a presidência da CPLP, com a condução dos trabalhos no CCP, e tem como temas principais para o seu mandato de dois anos a juventude e a sustentabilidade, matérias que António Quintas, embaixador em Lisboa e na CPLP, considera serem novas preocupações relacionadas com o próprio futuro da organização.
O acordo de mobilidade, que permite vistos nacionais aos cidadãos da CPLP, constitui um risco adicional para a saída dos melhores quadros jovens dos países mais pobres, mas António Quintas recusa que existam estados vencedores ou derrotados.
"Penso que quem defendeu a mobilidade dentro da CPLP não pode pensar que o facto de os jovens emigrarem" cria uma situação em que "há quem perde e quem ganhe, porque a mobilidade é ir, vir, circular, estudar, ganhar experiências e regressar", num "fenómeno populacional ativo" e transversal, considerou o diplomata, admitindo que o acordo, já em vigor em Cabo Verde, Portugal e Moçambique, traz novos desafios.
"É preciso, de facto, cada Estado olhar para o seu estrato populacional jovem e ter políticas públicas que possam contribuir para que os jovens possam ter formação e ganhar experiência, não emigrando, com formas de se sustentarem dentro do seu país", avisou o embaixador, salientando que os temas escolhidos por São Tomé inserem-se numa estratégia de concretizar a organização nos anseios das pessoas.
"A juventude é um estrato populacional bastante ativo na nossa comunidade, está presente e ativa no processo de desenvolvimento dos nossos países" e os jovens "querem sentir-se inseridos no contexto de desenvolvimento" de cada estado.
Por isso, no seu entender, trata-se de um tema "bastante aliciante", porque visa "refletir de forma pragmática o papel que a juventude pode desempenhar, não obstante as dificuldades que existem em matéria de empregabilidade".
Para António Quintas, "é preciso, de facto, repensar o papel da juventude, incluída no contexto económico, de forma que os jovens possam ser empoderados economicamente".
A CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realiza a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no próximo domingo, sob o lema "Juventude e Sustentabilidade".