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Santos Silva: Embaixada de Portugal não irá para Jerusalém como a dos EUA

por RTP
António Pedro Santos - Lusa

Numa visita a Israel e à Palestina esta semana, Augusto Santos Silva afirmou que a Embaixada portuguesa só seria colocada em Jerusalém se a cidade passasse a ser capital do Estado de Israel e do Estado da Palestina. O ministro português dos Negócios Estrangeiros garantiu que Portugal não vai seguir o exemplo dos Estados Unidos nesta questão.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, visitou Israel e Palestina no início desta semana, no âmbito da preparação da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.

Numa entrevista ao Jerusalem Post durante a visita de dois dias, o ministro afirmou que Portugal mudaria a sua Embaixada para Jerusalém apenas quando a cidade passasse a ser a capital tanto do Estado de Israel como do Estado da Palestina.

Portugal pode ponderar tal mudança, explicou Santos Silva, apenas no "dia em que conseguir ter as duas embaixadas em Jerusalém, a Embaixada de Portugal em Israel e a Embaixada de Portugal na Palestina".

Questionado sobre se considera que Jerusalém é a capital de Israel, o ministro português respondeu cautelosamente que a "Embaixada de Portugal está em Telavive".

De visita ao Estado da Palestina esta terça-feira, Santos Silva falou da necessidade de fortalecer os laços entre Israel e a União Europeia, assim como da importância de uma reunião do Conselho de Associação UE-Israel. Lembrando que há determinados pontos de discórdia com Israel, o ministros dos Negócios Estangeiros garantiu que queria abordar as questões em tom de diálogo.

"Era importante que o processo de normalização significasse a suspensão dos planos de anexação", disse Santos Silva ao jornal. "Isto permitiu-nos planear futuras conversas e uma cooperação com Israel de uma forma muito mais positiva".

Contudo, alertou que, se Israel retroceder nessa promessa, o potencial de melhorar os laços entre Israel e a UE pode ficar prejudicado.

"Seria um grande problema para nós. Seria um obstáculo para o aprofundamento da cooperação entre as duas entidades", afirmou, relembrando que "normalização era o oposto da anexação".

Augusto Santos Silva aproveitou ainda para relembrar que o Acordo de Abraão, mediado pelos EUA, deu uma "vida nova" à região e ao processo de paz congelado com os palestinianos. Além disso, o ministro português afirmou que considera que a vitória de Joe Biden para a Casa Branca também pode abrir novas possibilidades nesse contexto.

"Temos que olhar com atenção para as mudanças recentes na região e, assim, temos que criar condições para o relançamento das negociações diretas entre israelitas e palestinianos".

"Palestinianos e israelitas" precisam disso, disse Santos Silva, acrescentando que a UE quer ajudar a facilitar esse processo.

Esta terça-feira, o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Muhammed Shtayyeh, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestniana, Riyad Malki, pediram que Portugal reconhecesse unilateralmente a condição de Estado palestiniano - pedido que Portugal rejeitou, porque considera que tal passo só deve ser dado por consenso com toda a União Europeia, sendo que, neste momento, o bloco está dividido quanto a esta questão.

No entanto, é de recordar que Portugal e a UE concordam com a Autoridade Palestiniana sobre os contornos que deveria ter uma solução de dois Estados, baseados nas linhas "pré-1967" com Jerusalém Oriental como a capital palestiniana. Além disso, tanto Portugal como a União Europeia opõem-se à atividade de colonização israelita.

"Temos insistir com os nossos amigos israelitas para não prosseguirem com as demolições", disse Silva, acrescentando que estava particularmente preocupado com a demolição por parte de Israel de estruturas financiadas pela UE para os palestinianos.

Apesar das divergências com Israel, Augusto Santos Silva considera as relações com Portugal muito importantes, tanto por causa dos laços históricos, como por causa dos laços contemporâneos.

"Somos países próximos", concluiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.

A visita de dois dias teve como objetivo a preparação da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. Na segunda-feira, Santos Silva esteve em Israel para um encontro de trabalho com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gabi Ashkenazi, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, com o vice primeiro-ministro e ministro da Defesa, Benny Gantz, e ainda com o líder da oposição, Yair Lapid.

Antes de regressar a Portugal esta terça-feira, o ministro esteve na Palestina para reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Riad Malki, com o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammed Shtayyeh, e com o ministro da Administração Interna, Hussein Al-Sheik.
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