Santos Silva: Embaixada de Portugal não irá para Jerusalém como a dos EUA
Numa visita a Israel e à Palestina esta semana, Augusto Santos Silva afirmou que a Embaixada portuguesa só seria colocada em Jerusalém se a cidade passasse a ser capital do Estado de Israel e do Estado da Palestina. O ministro português dos Negócios Estrangeiros garantiu que Portugal não vai seguir o exemplo dos Estados Unidos nesta questão.
Numa entrevista ao Jerusalem Post durante a visita de dois dias, o ministro afirmou que Portugal mudaria a sua Embaixada para Jerusalém apenas quando a cidade passasse a ser a capital tanto do Estado de Israel como do Estado da Palestina.
"Era importante que o processo de normalização significasse a suspensão dos planos de anexação", disse Santos Silva ao jornal. "Isto permitiu-nos planear futuras conversas e uma cooperação com Israel de uma forma muito mais positiva".
Contudo, alertou que, se Israel retroceder nessa promessa, o potencial de melhorar os laços entre Israel e a UE pode ficar prejudicado.
"Seria um grande problema para nós. Seria um obstáculo para o aprofundamento da cooperação entre as duas entidades", afirmou, relembrando que "normalização era o oposto da anexação".
"Temos que olhar com atenção para as mudanças recentes na região e, assim, temos que criar condições para o relançamento das negociações diretas entre israelitas e palestinianos".
"Palestinianos e israelitas" precisam disso, disse Santos Silva, acrescentando que a UE quer ajudar a facilitar esse processo.
No entanto, é de recordar que Portugal e a UE concordam com a Autoridade Palestiniana sobre os contornos que deveria ter uma solução de dois Estados, baseados nas linhas "pré-1967" com Jerusalém Oriental como a capital palestiniana. Além disso, tanto Portugal como a União Europeia opõem-se à atividade de colonização israelita.
"Temos insistir com os nossos amigos israelitas para não prosseguirem com as demolições", disse Silva, acrescentando que estava particularmente preocupado com a demolição por parte de Israel de estruturas financiadas pela UE para os palestinianos.
Apesar das divergências com Israel, Augusto Santos Silva considera as relações com Portugal muito importantes, tanto por causa dos laços históricos, como por causa dos laços contemporâneos.
"Somos países próximos", concluiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Antes de regressar a Portugal esta terça-feira, o ministro esteve na Palestina para reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Riad Malki, com o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammed Shtayyeh, e com o ministro da Administração Interna, Hussein Al-Sheik.