O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, comunicou hoje à primeira-ministra britânica a vontade de chegar a um acordo que solucione a situação de Gibraltar, território ultramarino britânico reivindicado pelos espanhóis.
"Não se trata apenas de estreitar laços económicos, comerciais, mas também da vontade nobre, segura, verdadeira de chegar a um acordo que resolva este conflito", disse Sánchez, referindo-se à situação de Gibraltar.
O presidente do Governo espanhol informou, na conferência de imprensa após a conclusão do Conselho Europeu, que expôs a Theresa May a vontade do Governo e dos cidadãos espanhóis de estabelecer "as melhores relações bilaterais de todo o tipo" com os britânicos, que definiu como "um povo irmão".
A cimeira europeia de hoje, na qual os 27 endossaram o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), chegou a estar em dúvida devido um braço de ferro entre Madrid e Londres por causa de Gibraltar.
O suspense instalado em Bruxelas nos últimos dias dissipou-se na tarde de sábado, quando Espanha recebeu as "garantias" que clamava para ratificar o acordo do `Brexit`, e o primeiro-ministro espanhol anunciou que iria aprovar quer este texto, quer a declaração política da relação futura.
Pedro Sánchez tinha ameaçado votar contra, ou em última instância boicotar a cimeira europeia, se não houvesse uma clarificação do artigo 184 do acordo de saída, que na opinião do Governo espanhol estabelecia que, no futuro, os assuntos relacionados com Gibraltar seriam abordados exclusivamente entre Londres e Bruxelas.
Para Madrid, era fundamental que ficasse escrito que nenhum acordo futuro entre a UE e Londres fosse aplicado no território ultramarino britânico, cedido em 1713, mas ainda hoje reivindicado pelas autoridades espanholas, sem o visto prévio espanhol, o que foi consumado com duas declarações anexadas às conclusões do Conselho Europeu de hoje.
Os chefes de Estado e de Governo dos 27 validaram hoje, numa cimeira extraordinária em Bruxelas, o acordo de saída do Reino Unido da UE e a declaração política da relação futura entre as partes.