O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, defendeu hoje que "a Catalunha ganha" e "Espanha avança" com a investidura, esta quinta-feira, do também socialista Salvador Illa como presidente do governo regional catalão.
"Serás um grande presidente. A Catalunha ganha, Espanha avança", escreveu Sánchez na rede social X, numa mensagem dirigida a Salvador Illa.
O parlamento da Catalunha investiu hoje Salvador Illa como presidente do governo autonómico e pôs fim a 14 anos consecutivos de executivos independentistas nesta região do nordeste de Espanha.
A investidura de Illa é também o regresso dos socialistas ao poder na Catalunha, cujo governo regional lideraram entre dezembro de 2003 e dezembro de 2010.
Sánchez lembrou hoje, na mesma publicação no X, que trabalhou com Salvador Illa "nas circunstâncias mais adversas", numa referência ao período em que o socialista catalão foi seu ministro da saúde, durante a pandemia de covid-19.
"Conheço o teu amor pela Catalunha. Conheço a tua temperança, o teu bom senso e a tua capacidade de trabalho. Exatamente o que a Catalunha precisa", defendeu Sánchez, que lidera o governo de Espanha e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
Nos últimos 14 anos, a Catalunha passou por um processo de tentativa de autodeterminação que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017.
Desde que chegou ao poder, em 2018, Sánchez, cujos governos foram viabilizados por partidos independentistas, concedeu indultos e uma amnistia aos separatistas catalães.
Também Salvador Illa negociou agora com a independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) a viabilização do seu governo.
O acordo da ERC com os socialistas que levou hoje Illa ao poder na Catalunha prevê, entre outros aspetos, uma "soberania fiscal" para a região, reivindicada há muito pelos independentistas.
Como os indultos e a amnistia, a questão da "soberania fiscal" para a Catalunha, semelhante à que já existe para o País Basco e Navarra, está a gerar nova polémica em Espanha, incluindo entre dirigentes do PSOE.
O caso basco e navarro reconhece especificidades históricas e é uma exceção dentro das 17 regiões autónomas, sendo considerado pouco ou nada solidário com o resto do país.
A situação política na Catalunha tem tido e deverá continuar a ter impactos diretos na governação de Espanha, por o executivo de Sánchez depender do apoio parlamentar tanto da ERC como do outro grande partido independentista da região, o Juntos pela Catalunha (JxCat, de direita, do antigo presidente regional Carles Puigdemont).
No discurso com que hoje se apresentou como candidato aos deputados, Illa sublinhou a intenção de unir a Catalunha, após mais de uma década marcada pelo independentismo.
O dirigente socialista, de 58 anos, defendeu que "chegou a hora de todos e cada um dos catalães e catalãs se voltarem a sentir parte da mesma Catalunha".
Illa sublinhou o objetivo de colocar as políticas e os serviços públicos no centro da ação política na região.
O novo ciclo político na Catalunha saiu das eleições autonómicas de 12 de maio, em que os socialistas foram os mais votados e os partidos independentistas perderam a maioria absoluta que tinham há mais de uma década no parlamento autonómico.