SADC pede envolvimento de todas as partes para cessar-fogo no leste da RDC
Os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla inglesa) decidiram hoje, numa cimeira extraordinária, empenhar-se para conseguir um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humanitária no leste da República Democrática do Congo (RDCongo).
Em comunicado citado pela Efe, os intervenientes defenderam a procura de formas de envolver "todas as partes estatais e não estatais envolvidas no conflito num processo de cessar-fogo para proteger vidas e facilitar um fluxo fluido de apoio humanitário para as pessoas e comunidades afetadas pelo conflito armado".
Na cimeira, em Harare, Zimbabué, a SADC "reafirmou" o seu "compromisso inabalável de continuar a apoiar a RDCongo na sua tentativa de salvaguardar a sua independência, soberania e integridade territorial".
A organização regional pediu ainda a realização "imediata de uma cimeira conjunta entre SADC e a Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla inglesa) para analisar uma forma de resolver a insegurança" no leste da RDCongo.
Na abertura da cimeira extraordinária, o secretário executivo da SADC, Elias Magosi, declarou que nas últimas semanas se assistiu a uma intensificação dos ataques do grupo armado Movimento 23 de março (M23) contra as bases da SAMIDRC - a missão de manutenção da paz da SADC - e das Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC).
A cimeira foi convocada depois de mais quatro soldados sul-africanos terem sido mortos em combates com o M23, confirmou na terça-feira a Força de Defesa sul-africana, elevando para 13 o número de militares sul-africanos mortos desde a semana passada.
A maior parte dos militares mortos integravam a SAMIDRC, destacada desde 2023 para apoiar o exército democrático-congolês contra os grupos rebeldes, nomeadamente o M23.
Outros faziam parte da Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco).
A atividade armada do M23 recomeçou em novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra as FARDC na província de Kivu Norte (nordeste).
Desde então, o M23 avançou em várias frentes até à tomada, na segunda-feira, de Goma, a capital do Kivu Norte, que alberga organizações não-governamentais internacionais e instituições da ONU e que o grupo ocupou durante dez dias em 2012.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da Monusco.