A Rússia vai organizar no próximo mês os maiores jogos de guerra desde 1981. O anúncio foi realizado pelo ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, que revelou também que o exercício incluirá a presença dos exércitos chinês e da Mongólia.
A revelação por parte do governo russo surge numa altura em que existem grandes divisões entre a Rússia e o Ocidente. O Kremlin diz estar preocupado com a NATO e as manobras que têm vindo a realizar nos últimos tempos.
"Imaginem 36.000 engenhos militares a deslocarem-se em simultâneo: tanques, blindados de transporte de tropas, veículos de combate de infantaria. E tudo isso, claro, numa situação tão próxima de uma situação de combate quanto possível", disse Shoigu.
Um dos países que mostrou prontamente o seu descontentamento com a decisão russa foi o Japão. O primeiro-ministro Shinzo Abe vai estar na Rússia por altura do evento militar e o ministro nipónico dos Negócios Estrangeiros declarou que sempre prestou atenção à cooperação militar entre os dois países.
Sergei Shoigu garantiu que estes se tratam dos maiores jogos de guerra em quase quatro décadas, quando em 1981 foi realizado o Zapad-81. “Em algumas vertentes, vai repetir o Zapad-81, mais noutros aspetos, a escala vai ser ainda maior”.
Jogos essenciais na Rússia
Uma das primeiras questões levantadas sobre o evento prende-se com os custos que vai envolver. Numa altura em que a Rússia tem despesas sociais cada vez maiores, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, revelou que o Vostok-2018 é essencial para a sociedade russa.
“A habilidade do país para se defender atualmente na cena internacional, que tem sido frequentemente agressiva e pouco amigável para com a Rússia, significa que temos justificação para realizar o exercício militar”.
Questionado sobre a presença da China nos exercícios militares, Peskov revelou que a presença chinesa significa que a relação militar entre os dois países está cada vez mais coesa. Não é a primeira vez que os dois países se encontram envolvidos em exercícios militares em grande escala.
NATO quer monitorizar exercício
Dylan White, porta-voz da Aliança Atlântica, revelou que o Kremlin informou a NATO da vontade de realizar jogos de guerra em 2018. Num e-mail enviado à imprensa internacional, White explicou que a aliança prepara-se para monitorizar todos os passos dados durante o evento.
“Todas as nações têm o direito de realizar exercício com as suas forças militares mas é essencial que tudo seja feito de uma maneira previsível e transparente. O Vostok demonstra que a Rússia está focada em exercícios de conflito em larga escala. Isto inclui-se num padrão que vimos há pouco tempo: uma Rússia assertiva, que está a aumentar significativamente o seu orçamento em defesa”.