A Rússia recusou hoje a possibilidade de discutir com os Estados Unidos o reinício de inspeções mútuas aos arsenais nucleares, alegando ter sofrido ataques ucranianos com armas de longo alcance fornecidas pelos Estados Unidos.
"Como podemos permitir que os norte-americanos visitem as nossas instalações nucleares (...), se fornecem aos ucranianos armas de longo alcance que já foram utilizadas contra as nossas bases estratégicas", afirmou o chefe da diplomacia russa.
Serguei Lavrov mencionou em particular ataques ucranianos "contra bases estratégicas de bombardeiros nucleares", ao intervir por vídeo numa conferência sobre sociedade do conhecimento, segundo a agência espanhola EFE.
Referiu que, embora "possa haver dúvidas", que descreveu como mínimas, "é muito provável que, para preparar os ataques, os norte-americanos não só tenham fornecido armas, mas também ajudado com informações para tentar atingir os alvos".
Lavrov disse que o preâmbulo do novo tratado de redução de armas estratégicas START ou START III afirma que a Rússia e os Estados Unidos já não são rivais, que existe confiança mútua e que a segurança é indivisível.
"Tudo isto foi espezinhado, destruído e deitado ao lixo pelos norte-americanos", acusou Lavrov.
Em 21 de fevereiro deste ano, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a suspensão da adesão da Rússia ao START III.
Putin disse na altura que a Rússia não estava a abandonar o tratado de redução de armas estratégicas ofensivas, que expira em 2026, mas apenas a suspender o seu cumprimento.
O novo START, que inclui especificamente um sistema de inspeção de arsenais, devia reduzir o número de ogivas nucleares em 30 por cento, para 1.550 por país.
O tratado limitou a 700 o número de mísseis balísticos intercontinentais, de mísseis instalados em submarinos e de bombardeiros estratégicos equipados com armas nucleares.
Também reduziu para 800 o número de lançadores de mísseis intercontinentais, lançadores de mísseis balísticos instalados em submarinos e bombardeiros estratégicos com armas nucleares, estejam instalados ou não.
Os Estados Unidos e outros aliados ocidentais de Kiev têm fornecido armamento às forças ucranianas para combaterem as tropas russas, que invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.