O candidato anti-guerra e opositor de Vladimir Putin na corrida às presidenciais russas viu esta quinta-feira a sua candidatura rejeitada pela Comissão Eleitoral do país. Boris Nadezhdin, que recentemente apelou a um país "pacífico" e "livre", foi acusado de irregularidades na recolha de assinaturas.
Nadezhdin, natural da ex-república soviética do Uzbequistão e formado em Matemática e Física, veio já afirmar que pretende contestar em tribunal a rejeição da sua candidatura, mas as hipóteses de sucesso são quase nulas.
A Comissão Eleitoral, órgão responsável pela organização das eleições e leal ao Kremlin, votou por unanimidade para recusar o registo da candidatura do político de 60 anos. Segundo a agência France Press, esta entidade acusou-o de irregularidades na recolha das 100.000 assinaturas necessárias para se candidatar às presidenciais.As eleições russas decorrem de 15 a 17 de março e, à partida, a vitória irá para Vladimir Putin, no poder desde o final de 1999. Graças a uma reforma constitucional adotada em 2020, poderá permanecer no Kremlin até 2036, quando fará 84 anos.
"Participar nas eleições presidenciais de 2024 é a decisão política mais importante da minha vida. Não vou voltar atrás nas minhas intenções. Vou recorrer da decisão da Comissão Eleitoral no Supremo Tribunal", declarou o ex-deputado, prometendo recorrer ao Tribunal Constitucional se necessário.
"Mais cedo ou mais tarde, vou tornar-me presidente da Federação Russa", assegurou Boris Nadezhdin.
Apesar de o opositor de Putin ter dito que "conta com o sistema judicial russo para resolver a situação", é pouco provável que o Supremo ou o Constitucional decidam a seu favor.
“Não o consideramos um adversário”
Já no final de janeiro, em entrevista à AFP, Nadezhdin demonstrou ter poucas ilusões sobre as suas hipóteses de vencer Putin, mas revelou ter esperança no "princípio do fim" da era do presidente.
Esta quinta-feira, dirigiu-se à Comissão Europeia para dizer que "dezenas de milhões de pessoas" votariam em si nas eleições. "Estou em segundo lugar, atrás de Putin", afirmou Nadezhdin.
A principal bandeira da candidatura deste político tem sido o fim do "pesadelo" que considera ser a ofensiva na Ucrânia, prometendo acabar com a "militarização" da Rússia e libertar "todos os presos políticos", nomeadamente Alexei Navalny, detido no Ártico.
O Kremlin não tem escondido o seu desprezo por este aspirante a candidato, dizendo mesmo não o ver "como um adversário".
Dmitri Peskov, porta-voz de Putin, insistiu esta quinta-feira que a Comissão Eleitoral tinha detetado "um grande número de erros nas assinaturas" recolhidas a favor de Nadezhdin.
"Este é um critério importante que não foi respeitado", explicou o responsável, acrescentando que "a Comissão segue claramente as regras estabelecidas para os candidatos".
c/ agências