É a terceira cimeira tripartida entre os Presidentes turco, russo e iraniano, com a Síria como pano de fundo. Em cima da mesa, desta vez, a ofensiva de Damasco contra os últimos redutos rebeldes do país, localizados na província de Idlib, junto à fronteira com a Turquia no nordeste da Síria.
Há pouca esperança que os esforços de Erdogan sejam bem sucedidos. Em operações militares anteriores, Damasco não só teve o apoio total da Rússia e do Irão, como foi bem sucedido em expulsar militantes e combatentes de grupos armados presentes em diversas regiões da Síria.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, exprimiu nas agências russas a posição irredutível de Moscovo no conflito. "Matámos, matamos e iremos matar os terroristas", afirmou Zakharova. "Não importa se estão em Alepo, em Idlib ou noutros pontos da Síria", acrescentou.
"Oportunidade única"
Esta manhã, horas antes do Presidente turco chegar a Teerão, capital do Irão, ativistas e residentes do sul de Idlib denunciaram bombardeamentos aéreos contra posições jihadistas, que mataram duas pessoas.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, baseado em Londres, diz que foram atingidas algumas aldeias junto à fronteira de Idlib com a província de Hama e que os bombardeamentos foram efetuados por aviões russos.
O porta-voz do ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, referiu-se à cimeira que irá decorrer esta sexta-feira como uma "oportunidade única".
Num artigo de opinião publicado em vários jornais iranianos, Bahram Ghasemi afirmou que o encontro é uma ajuda às nações que "têm enfrentado desafios semelhantes e ameaças comuns por parte de poderes estrangeiros ameaçadores", numa farpa direta aos Estados Unidos.
"A Cimeira tem um duplo significado, já que as três nações têm enfrentado as ambições e a mesquinhez de um grande poder internacional ilógico", escreveu Ghasemi.
O encontro entre os três Presidentes terá lugar durante a tarde em Teerão, horas antes de uma reunião do Conselho de Segurança convocada por Washington sobre a situação em Idlib.
Assalto a Idlib
O Governo sírio anunciou recentemente planos para lançar um grande assalto militar em Idlib, refúgio de vários grupos armados da oposição. Ancara, que acolhe 3,5 milhões de refugiados sírios, considera que tal ofensiva será desastrosa.
A ONU e diversas organizações não governamentais têm igualmente alertado para as consequências das operações militares junto das populações civis.
Em preparação da ofensiva, Damasco tem estado a reunir grande quantidade de tropas junto à fronteira da província, que faz fronteira com a Turquia. Há vários dias que a artilharia atinge a região, com a aviação russa a efetuar raides esporádicos.
Esta sexta-feira, foram atingidas as posições do grupo Hayat Tahrir al-Cham, a organização jihadista salafista que que domina Idlib e agrupa cinco outros grupos sob a liderança da antiga Frente al-Nusra, o ex-braço sírio da al Qaida na Síria. A zona controlada pelo grupo rebelde islamita Ahrar al-Cham foi igualmente atingida.
O objetivo foi a destruição de posições fortificadas dos grupos armados.
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