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Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

Rússia estaciona tropas na fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia para exercícios conjuntos

por RTP
Tropas russas a caminho do Cazaquistão na primeira semana de janeiro, para por fim a manifestações anti-governamentais

Estão ainda previstos exercícios junto às fronteiras com a Polónia e a Lituânia e esperam-se avisos severos dos países NATO contra qualquer possibilidade de incidentes.

Os exercícios, apelidados Solução Conjunta, estão marcados para fevereiro mas Moscovo já começou a estacionar tropas e artilharia na fronteira bielorrússa com o norte da Ucrânia, agravando receios de uma possível invasão.

Também a tensão na fronteira bielorrussa com a Polónia e a Lituânia tem aumentado devido à crise migratória. Polónia e Lituânia são ambas membros da NATO. As manobras coincidem com a recente colocação militar de grande envergadura de forças russas  ao longo da fronteira leste da Ucrânia, no que é considerada uma ameaça direta por Kiev e por várias capitais do Ocidente.

Relatos na Rússia reportam o transporte na última semana e através do país de novos equipamentos militares para a fronteira com a Ucrânia, incluindo carros armados e mísseis de curto alcance.

Observadores e estrategas acreditam que Moscovo pretende levar os responsáveis ucranianos a distribuir as suas tropas ao longo de ambas as fronteiras, norte e leste, enfranquecendo a resistência a uma potencial invasão e criando um ambiente favorável para manobras de milícias ucranianas pró-Rússia nas províncias leste do país.

Tal iniciativa por parte de Moscovo poderia desencadear o maior conflito na Europa das últimas décadas.

As redes sociais bielorrussas mostram igualmente imagens de veículos de artilharia transportados por via férrea em comboios propriedade da companhia ferroviária estatal russa, e Alexander Volfovich, líder do Conselho de Segurança bielorrusso, afirmou numa reunião que as tropas estão a chegar em preparação para os exercícios.

A pressão ocidental para a demissão do Presidente Alexander Lukashenko da Bielorrússia, que declarou vitória em 2020 em eleições presidenciais fortemente contestadas interna e externamente, levou ao estreitamento ainda maior de laços entre este e o seu homólogo russo, Vladimir Putin.

Lukashenko tem sido um apoiante ativo de Moscovo e em troca beneficia de apoio diplomático e económico do Kremlin para contornar sanções internacionais. Abandonou ainda a posição alegadamente neutral face à Ucrânia depois de ter apoiado publicamente a anexação da Crimeia em 2014.

Na reunião desta segunda-feira com o seu Estado Maior sobre os exercícios militares com as tropas russas, marcados para a região leste do país perto das fronteiras com países Nato, Lukashenko foi irónico. "Marquem uma data exata e anunciem-na, para não sermos acusados de estar a amassar tropas ali de repente como se estivessemos a preparar uma invasão", disse aos seus oficiais generais.

Uma participação ativa bielorrússa num eventual ataque à Ucrânia é tida como improvável.

Este está a ser um princípio de ano movimentado para as Forças Armadas da Rússia. Com milhares de homens colocados junto à fronteira da Ucrânia, um contigente aerotransportado foi enviado em socorro do Governo cazaque ameaçado por revoltas nas ruas, logo no início de janeiro de 2022.

Começam agora a ser preparados os exercícios com a Bielorrússia.

A estratégia de invasão russa da Ucrânia poderá desenrolar-se em seis frentes, de acordo com diversos analistas.

Uma primeira usando as forças russas estacionadas na Crimeia e na província de Donbass, para neutralizar o território sul oridental, uma segunda nas províncias leste, com forças blindadas a avançar e a cercar as principais cidades até ao rio Niepre e uma terceira neste mesmo rio e em continuidade até cercar a capital, Kiev.

Uma quarta frente tentaria dominar as zonas costeiras ucranianas ocidentais junto ao Mar Negro através da Transniestria, região junto à Roménia onde Moscovo mantém presença militar desde os tempos da União Soviética, e finalmente um duplo avanço através das zonas norte e noroeste, vindo da Bielorrússia, a segunda das quais apesar de mais longínqua de Kiev permitiria às tropas russas evitar a zona de Chernobyl e as áreas pantanosas de Pripet.
"Cabeças quentes"
A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, afirmou terça-feira passada esperar um alívio das tensões através da diplomacia, após uma reunião com o seu homólogo russo. Avisou ainda que Moscovo iria "pagar um preço elevado" por quaisquer atos de agressão contra a Ucrânia.

Apesar do apelo de Lukashenko não foi divulgada qualquer data concreta para os exercícios russo-bielorrussos, anunciados por Putin numa cimeira com o Presidente da Bielorrússia em dezembro passado.

Esta segunda-feira, Lukashenko considerou as manobras necessárias devido à presença de tropas Nato nos vizinhos Polónia e Estados Bálticos em resposta à crise migratória que ele próprio é acusado de ter ajudado a criar.

"Porque somos nós e a Rússia criticados por realizar manobras, exercícios, etc, quando vocês vieram para tão longe?" questinou o Presidente bielorrússo depois de estimar em quase 30 mil as tropas de países ocidentais estacionadas perto das suas fronteiras. "Há muitas cabeças quentes a clamar por guerra. Nós ouvimos estas declarações", acrescentou.

Lukashenko também fez eco da retórica do Kremlin acusando Kiev de estar a preparar batalhões de "nacionalistas radicais" ucranianos para combater as milícias pró-russas do país. Responsáveis ucranianos desmentiram e consideraram as acusações parte da "guerra de informação".

Volfovich revelou que os soldados russos e bielorrussos irão treinar táticas para repelir ataque aéreos e terrestres, neutralizar sabotadores inimigos e outras manobras do género.

De acordo com a agência de notícias estatal Belta, o líder do Conselho de Segurança da Bielorrússia desvalorizou o calendário, lembrando que este foi anunciado no fim do ano transato e que "nada tunha de extraordinário".

Kiev afirmou que um ataque informático aos websites governamentais na psssada semana tenha ligações a uma equipa com ligações aos serviços de informação da Bielorrússia. recentemente, aviões bombardeiros com capacidade para transportar ogivas nucleares forma vistos a sobrevoar a zona ocidental da Bielorrússia.
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