Rússia e Ucrânia lançam ataques aéreos após conversa entre Trump e Putin

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Valentyn Ogirenko - Reuters

A Rússia e a Ucrânia lançaram ataques aéreos que danificaram infraestruturas durante a noite, logo a seguir à conversa telefónica de terça-feira entre Donald Trump e Vladimir Putin. O presidente russo rejeitou a proposta do presidente dos Estados Unidos de um cessar-fogo total de 30 dias, circunscrevendo uma possível trégua à infraestrutura energética. Entretanto, Volodymyr Zelensky revelou que vai falar nas próximas horas com a Casa Branca, advertindo desde já contra qualquer concessão a Moscovo em matéria de ajuda militar ao seu país.

Horas depois da conversa telefónica entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, na terça-feira, Volodymyr Zelensky disse que Putin tinha “efetivamente rejeitado” o cessar-fogo total e que a Ucrânia estava a ser alvo de um ataque russo danificando “infraestruturas civis” em 11 regiões ucranianas, incluindo um hospital em Sumy.

"São ataques russos noturnos como este que arruínam o nosso sistema energético, as nossas infraestruturas e a vida normal da Ucrânia", declarou o presidente ucraniano. "O facto de esta noite não ser exceção mostra que a pressão sobre a Rússia tem de continuar para bem da paz", afirmou, apelando aos aliados da Ucrânia para que continuem a prestar assistência ao seu país.O Exército da Ucrânia acusa a Rússia de ter atacado o território ucraniano com seis mísseis e 145 drones, dos quais 73 foram neutralizados pela defesa aérea ucraniana.

No entanto o Kremlin afirma que Vladimir Putin, logo após a chamada telefónica com Donald Trump, tinha dado ordens para que os ataques cessassem, embora o presidente russo tenha rejeitado um acordo de cessar-fogo total que não contemplasse a exigência do Kremlin que os aliados de Kiev deixassem de dar assistência à Ucrânia.

Volodymyr Zelensky disse ainda que apoiaria a suspensão dos ataques contra alvos energéticos mas que aguardava mais informações de Washington sobre o teor das negociações entre os EUA e a Rússia sobre o conflito na Ucrânia.

"Penso que será correto termos uma conversa com o presidente Trump e saberemos em pormenor o que os russos ofereceram aos americanos ou o que os americanos ofereceram aos russos.
Depois de obtermos detalhes do presidente americano, do lado americano, daremos a nossa resposta, prepará-la-emos e a nossa equipa estará pronta para discussões técnicas", disse. Segundo o ministério russo da Defesa, as tropas ucranianas atacaram na terça-feira ao longo da fronteira com a região russa de Belgorod, utilizando cerca de 200 combatentes com tanques, veículos de combate blindados e veículos de demolição.

De acordo com a mesma fonte, a defesa aérea ucraniana reclamou ter neutralizado 72 drones no ataque russo ocorrido nas últimas horas. E foram intercetados 57 drones ucranianos durante a noite.

As autoridades da região de Krasnodar, no sul da Rússia, afirmaram esta quarta-feira que um drone ucraniano provocou um pequeno incêndio num complexo petrolífero.

Entretanto, a Rússia e a Ucrânia concordaram em trocar 175 prisioneiras de guerra esta quarta-feira.
UE critica intrasigência de Putin
A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, disse esta quarta-feira que o contacto entre Putin e Trump demonstrou que a Rússia não está disposta a fazer concessões em relação à Ucrânia e mantém-se instransigente nas negociações.

"Se lermos os dois resumos desta chamada (telefónica), é evidente que a Rússia não quer fazer quaisquer concessões", disse Kaja Kallas aos jornalistas em Bruxelas.

A Alemanha também acusou Vladimir Putin de estar " jogar um jogo" após novos ataques russos denunciados por Kiev.

"Vimos que os ataques contra instalações civis não diminuíram durante a primeira noite após este telefonema "formidável",
ironizou o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, numa entrevista televisiva emitida esta quarta-feira de manhã.

c/ agências
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