Rússia é destino. Cruz Vermelha acusada por Kiev de cumplicidade em deportações
Lyudmyla Denissova, responsável do Parlamento da Ucrânia pelas matérias de Direitos Humanos, saiu na última noite a público para acusar o Comité Internacional da Cruz Vermelha de "falhar o seu mandato" no que diz respeito ao destino de refugiados ucranianos na Rússia. "Suspeito que sejam cúmplices", aventou. A organização rejeita as acusações.
"O Comité Internacional da Cruz Vermelha não está a cumprir com o seu mandato" no que toca às pessoas "retiradas à força para a Rússia pelo exército russo", afirmou Lyudmyla Denissova na televisão ucraniana. "Suspeito que sejam cúmplices", acentuou.
"Há um mês que estou a tentar falar com o presidente do CICV, para discutir a deportação dos nossos cidadãos para a Rússia. Estou a tentar fazer isso depois de o presidente do CICV ter dito que seria aberta uma representação em Rostov-on-Don [sul da Rússia, na fronteira com a Ucrânia] e incentivar a receção de ucranianos no território do Estado agressor", prosseguiu a responsável. Lyudmyla Denissova invocou números das Nações
Unidas, segundo os quais 550 mil refugiados ucranianos estão atualmente
na Rússia, entre os quais 121 mil crianças.
Onde estão eles? Em campos de filtro? Em lares temporários? Temos testemunhos de pessoas que foram levadas", apontou ainda Denissova.
A responsável parlamentar revelou ter solicitado à congénere russa, Tatiana Moskalkova, que lhe facultasse listas de refugiados ucranianos na Rússia. Obteve "resposta zero dela e do CICV".
Em declarações à agência France Presse, o Comité Internacional da Cruz Vermelha "rejeitou firmemente as falsas acusações", acrescentando que não "realizaria evacuações forçadas". Recordou também que "facilitou a passagem voluntária de civis e feridos em total segurança para outras cidades ucranianas".
"Construir e manter um diálogo com as partes em conflito é essencial, para obter acesso a todos os afetados e obter as garantias de segurança necessárias para que as nossas equipas prestem assistência para salvar vidas", reagiu o CICV.
A organização afiança que teve "uma reunião positiva e construtiva" com a responsável ucraniana pelos Direitos Humanos na quarta-feira e que "respondeu às preocupações das autoridades sobre essas questões de forma bilateral e confidencial".
c/ agências