Evan Gershkovich, jornalista do Wall Street Journal, foi detido pela Rússia por suspeitas de espionagem, indicou esta quinta-feira o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB). O Kremlin diz que o jornalista foi apanhado “em flagrante”. O WSJ diz, por sua vez, que a detenção do jornalista foi baseada em falsas alegações.
De acordo com a agência de notícias estatal TASS, o jornalista norte-americano foi detido em Yekaterinburg, no lado leste dos Montes Urais.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, disse que o trabalho de Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, em Yekaterinburg, na Rússia, "não tinha nada a ver com jornalismo".
“Infelizmente, esta não é a primeira vez que a condição de 'correspondente estrangeiro' é utilizada por estrangeiros no nosso país para cobrir atividades alheias ao jornalismo”, disse Zakharova no Telegram.
O Kremlin afirma que o jornalista foi apanhado “em flagrante”, mas não forneceu quaisquer provas. O Wall Street Journal (WSJ) argumenta, por sua vez, que a detenção do jornalista foi baseada em falsas alegações.
Em comunicado, o WSJ diz estar "profundamente preocupado" com a segurança de Gershkovich e "nega veementemente as alegações do FSB”. A detenção de Evan Gershkovich é a medida mais gravosa aplicada pelo Kremlin a um jornalista estrangeiro desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e vem deteriorar as já tensas relações entre Washington e Moscovo.
A Rússia endureceu as leis de censura desde a invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro do ano passado. Nessa altura, o presidente russo Vladimir Putin assinou um projeto de lei de censura que torna impossível para as organizações de notícias relatar com precisão as notícias relacionadas com a Rússia.
De acordo com a lei, a divulgação de informações “falsas” sobre a invasão da Ucrânia é crime, com uma pena de até 15 anos de prisão para quem for condenado.
Gershkovich cobre assuntos relacionados com a Rússia desde 2017 e trabalhou anteriormente no jornal The Moscow Times e na agência France-Presse antes de entrar para o Wall Street Journal, em janeiro do ano passado.
Nos últimos meses, o jornalista cobriu principalmente a política russa e o conflito na Ucrânia.
c/agências