Moscovo confirmou que um navio cargueiro forçado ontem a regressar ao porto de Murmansk, transporta helicópteros destinados ao regime sírio, além de sistemas aéreos de defesa. O navio foi parado ao largo da Escócia, após a seguradora britânica que protegia a carga ter denunciado o contrato por suspeita de que se trataria de armas.
"O navio carregava sistemas de defesa aérea, que só podem ser utilizados para repelir agressões externas e não contra manifestantes pacíficos. E transportava três helicópteros reparados", afirmou Lavrov, segundo a Interfax.
Apelo Liga Árabe
As nações ocidentais têm estado a pressionar a Rússia para deixar de fornecer armas ao regime sírio, de quem Moscovo é o maior aliado internacional.
Esta quinta-feira, o vice-secretario geral da Liga Árabe, Ahmed Ben Helli, apelou igualmente a Rússia a deixar de entregar armas a Damasco. "Quando alguém entrega material militar, ajuda a matar pessoas", afirmou Ben Helli à Interfax.
A Liga Árabe tem estado reunida com representantes da oposição síria para preparar uma conferência no Cairo, dias 02 e 03 de julho sobre a crise no país, que em 15 meses já fez mais de 15.000 mortos, na maioria civis.
"Agitar paixões"
Lavrov afirmou que os helicópteros foram reparados ao abrigo de um contrato de 2008 e que foram expedidos desmantelados.
"Dizer que os russos estão a entregar helicópteros que podem ser usados contra manifestantes pacíficos é uma posição bastante enviesada que visa agitar paixões e prejudicar a imagem da Rússia", acrescentou Lavrov, citado pela Interfax.
Moscovo mantém que as armas que fornece não podem ser utilizadas na repressão das manifestações. Mas várias testemunhas afirmam ter visto helicópteros a sobrevoar cidades sírias sendo disparadas a partir deles rajadas de metralhadora, sobre a população.
"Não violámos nenhuma lei"
Lavrov criticou por seu lado o uso de uma seguradora civil por parte de Londres como forma de aplicar um embargo de armas contra a Síria e garantiu que a Rússia irá entregar os helicópteros a Damasco.
"Nós não violámos nenhuma lei e continuaremos a cumprir as nossas obrigações, conforme o estabelecido pelo Conselho de Segurança", afirmou à Ekho o ministro russo.
Lavrov considerou igualmente "irrealizável" forçar o Presidente sírio Bashar al-Assad a abandonar o país como forma de resolver a crise síria. "O esquema segundo o qual Assad deveria partir antes que algo se produza para por fim à violência e iniciar um processo político, esse esquema não funciona desde o princípio porque ele não irá partir", considerou Lavrov.
Nova bandeira
O porta-voz da diplomacia russa, Alexander Lukashevich, diz que o cargueiro, que navegava sob bandeira de Curaçau vai ser registado de novo sob bandeira russa.
"O cargueiro MV Alaed fez-se ao mar dia 11 de junho levando a bordo nomeadamente helicópteros Mi-25 propriedade da parte síria", afirmou o porta-voz.
"Para afastar a hipótese de uma interceção do navio foi decido faze-lo regressar a Murmansk (noroeste), onde é aguardado sábado para passar a navegar com pavilhão russo", acrescentou.
Moscovo não confirmou se os helicópteros serão entregues através do mesmo navio.
