A missão militar israelita enviada a Moscovo para explicar o incidente que custou a vida a 15 militares russos voltou para trás, com a indicação russa de que Israel abra um novo inquérito. A Embaixada russa em Tel Aviv emitiu entretanto uma declaração que representa um endurecimento relativamente à linguagem inicialmente usada por Vladimir Putin.
A missão israelita encabeçada pelo comandante da Força Aérea israelita, major-general Amikam Norkin, foi a Moscovo apresentar as conclusões da investigação israelita sobre o incidente ocorridona cidade síria de Latakia, no início da semana, durante um bombardeamento israelita contra instalações militares sírias. No fogo de resposta da defesa antiaérea síria, foi na altura abatido um aparelho russo e morreram 15 militares que seguiam a bordo.
A missão de Maikam Norkin foi hoje recebida, do lado russo, pelo tenente-general Andrey Yudin. Segundo o diário israelita Haaretz, baseado em informações da televisão libanesa Al Mayadeen, Yudin recusou as explicações israelitas e "pediu a Israel que abra uma nova investigação".
Na mesma linha, a Embaixada russa em Insrael tinha classificado as acções da Força Aérea Israelita como "irresponsáveis e inamistosas", culpando-as por terem posto em perigo um avião russo e por terem "levado à morte de 15 militares".
A mesma declaração da Embaixada afirma que "a Rússa tomará todas as medidas necessárias para eliminar ameaças à vida e segurança dos nossos militares em combate contra o terrorismo".
Outra imprensa israelita, como é o caso do Times of Israel, apresenta uma versão mais atenuada sobre o saldo das conversações ocorridas em Moscovo. Evitando confirmar o "chumbo" russo, aquele diário cita abundantemente os comentários israelitas, nomeadamente o de um alto funcionário que admitiu a necessidade de introduzir "melhoramentos" na coordenação militar entre Israel e a Rússia.
A mesma fonte referiu que a delegação israelita tratara de desmontar a noção de que os aviões israelitas se defenderam do fogo antiaéreo sírio escondendo-se atrás do avião russo. Os quatro F-16 israelitas envolvidos no raid, sustentou, terão abandonado o local antes de as antiaéreas sírias abrirem fogo, com duas dezenas de projécteis.
Além disso, desmente a tese de que a Rússia só terá sido avisada do raid aéreo israelita cinco minutos antes do bombardeamento. Desmente, enfim, que as autoridades millitares russas tenham "chumbado" o inquérito israelita. A fonte do Times of Israel, falando a coberto do anonimato, afirma: "Apresentámos os nossos dados e o que conseguimos saber. Eles foram recebidos. Os nossos interlocutores russos tinham perguntas; essas perguntas foram respondidas".
Contudo, o diário israelita cita a declaração de ontem da Embaixada russa e menciona a notícia dada pela agência noticiosa rusa Interfax, segundo a qual o inquérito israelita foi rejeitado por Moscovo.