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Rússia acusada de ampliar auxílio militar a Damasco

por Graça Andrade Ramos - RTP
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov (E) e o Presidente russo Vladimir Putin (D) reuniram como o ministro sírio dos Negócios Estrangeiros Walid al-Muallem (de costas para a câmara) no Kremlin, Moscovo, a 29 de junho de 2015. Muallem afirmou durante a visita que Moscovo g«havia prometido enviar ajuda politica, militar e económica à Síria. Alexei Nikolsky - RIA Novosti - Reuters

Fontes libanesas afirmaram à agência de notícias Reuters que forças russas começaram a participar em operações militares na Síria, em apoio às tropas governamentais leais ao presidente Bashar al-Assad.

A Reuters refere que as três fontes citadas falaram sob anonimato, mas descreve-as como estando "familiarizadas" com a situação política e militar que atualmente se vive na Síria.

Uma das fontes refere que o número de tropas russas no terreno se mantém reduzido mas que deverá aumentar. "Há alguns russos a tomar parte nos combates da Síria mas ainda não se juntaram ao combate ao terrorismo em força", cita a Reuters.

As informações libanesas vêm confirmar relatos recentes de responsáveis norte-americanos de que Moscovo está a incrementar a sua colaboração militar com Damasco.

Duas fontes norte-americanas afirmam à Reuters, igualmente sob anonimato, que a Rússia enviou dois navios de transporte de tanques e novos aviões à Síria esta semana e posicionou um pequeno número de forças de infantaria naval.

Um dos analistas refere que as forças russas estarão a preparar um aeroporto perto da cidade portuária de Latakia, um bastião de Assad.
Ocidente preocupado
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, mostrou-se preocupado com os relatórios sobre a ampliação da presença russa na Síria. Receia que comprometam os esforços de obtenção de uma solução política para o conflito, que dura desde março de 2011 e já matou 250.000 pessoas, deixando sem teto metade da população dos 23 milhões de sírios.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, mostrou-se preocupado com relatos sobre o aumento da presença de tropas russas na Síria, em apoio a Damasco. Foto: Reuters

"Penso ser importante apoiar todos os esforços para encontrar uma solução política para o conflito na Síria" disse Stoltenberg.

A Alemanha avisou a Rússia contra o reforço da sua intervenção militar na Síria, dizendo que o acordo nuclear com o Irão e recentes iniciativas da ONU são um ponto de partida para uma solução política.

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, afirmou igualmente que os relatos sobre a presença das tropas russas vão complicar esforços para encontrar a solução para a guerra Síria.

O reforço da presença russa coincide com um revés de Damasco que perdeu esta quarta-feira uma importante base aérea em Idlib, complicando a reconquista da província, praticamente controlada por forças rebeldes, algumas das quais aliadas à al-Quaeda.
Bases russas
Moscovo confirmou a presença de "analistas" seus na Síria, sem referir a escala e missão da presença militar no país. Damasco nega que soldados russos estejam envolvidos em combates, mas um responsável sírio reconhece que a colaboração russa com Assad tem sido incrementada ao longo do último ano.

À Reuters, as fontes libanesas afirmam que a colaboração de Moscovo com Damasco já ultrapassou, há muito, a do aconselhamento militar. "Os russos já não são apenas conselheiros", afirmou um deles. "Os russos decidiram juntar-se à guerra contra o terrorismo".

Moscovo estará a estabelecer duas bases na Síria, uma perto da costa e outra mais no interior, que será a sua base de operações.

A única base russa no Mediterrâneo é em Tartessos, na costa síria controlada por Assad e garantir a sua segurança é um dos objetivos estratégicos de Moscovo.
Armas russas ao serviço de Assad
Até agora Damasco, o principal aliado da Rússia no Médio Oriente, tem sobretudo comprado armamento russo, em valores calculados em 1.5 mil milhões de dólares, o que representa pelo menos dez por cento da venda total de armas da Rússia.

Moscovo vende a Damasco helicópteros de combate MI-25, e Assad terá usado helicopteros russos Mi-8 e Mi-17 para bombardear Homs com bombas-barril. A Rússia transferiu também para a Síria o sistema de defesa aérea Buk-M2, a espinha dorsal da defesa aérea costeira de Damasco.

Enviou igualmente operacionais para treinar as tropas sírias, reparou e forneceu material de reparação, como motores, rotores e sistemas de transmissão, além de abastecer de combustível o Governo sírio e fornecer diversas vezes ajuda humanitária.

Descarga de ajuda humanitária russa na Síria, em janeiro de 2014 Foto: Reuters

Em 2015, Assad confirmou em entrevista os suprimentos de armamento russo, invocando contratos com Moscovo, anteriores e posteriores ao conflito.
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