Rússia acusa Portugal, Espanha e Alemanha de retirarem crianças ucranianas às mães
O embaixador russo junto das Nações Unidas, Vasily Nebenzya, disse esta quarta-feira que vários países europeus estão a retirar "centenas" de crianças aos refugiados ucranianos. O diplomata deu os exemplos de Portugal, Espanha e Alemanha.
A Rússia preside este mês de abril ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e levou vários testemunhos cuja veracidade não pode ser verificada.
No caso de Portugal, uma mulher diz ter ficado sem o filho. "Eu sou Alina Komisarenko, da cidade de Zaporizhia. O meu filho foi levado pelo sistema juvenil em Portugal. (...) Informo a imprensa ucraniana que não sou fake, sou uma cidadã ucraniana", afirma a testemunha num vídeo apresentado pela Rússia.
De acordo com o embaixador russo junto da ONU, o número de cidadãos ucranianos que passaram por esta situação, nomeadamente em Portugal, Espanha e Alemanha "está na casa das centenas".
"Crianças pequenas estão a ser levadas para centros de acolhimento por pessoas estranhas. As mães que estão a tentar recuperar as crianças são ameaçadas com processos criminais", acusou.
Outro testemunho apresentado pela Rússia é de Yulia Panasenko, que acusa Espanha de ter ficado com o seu filho.
"O meu filho foi levado pelos serviços sociais em Derio, Espanha", vincou, afirmando que também ela não é "fake", mas sim "uma pessoa real".
Noutro vídeo, Elena Kovalena afirma ser uma ucraniana de Dnipro e indica que o filho "foi levado por estranhos há nove meses" e reside com uma família alemã.
"Conto esta história a toda a gente, em todo o lado. Já tive quatro audiências, mas eles não me dão o meu filho, que está sob guarda da Alemanha, em alguma família alemã, segundo me disseram. Só o vi três vezes, por uma hora. O meu menino irá esquecer em breve que tem uma mãe. Isto é alienação. Por favor, salvem o meu filho ucraniano. Isto não é fake. Imploro", ouviu-se no testemunho.
Dirigindo-se aos países europeus, apelou para que estas mães sejam ajudadas. "Se puderem ajudar essas mães ucranianas, entrem em contacto connosco e colocá-los-emos em contacto direto com elas. O nosso endereço está na internet", afirmou o diplomata russo.
Em março, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de detenção para o presidente russo, Vladimir Putin, por crimes de guerra e por alegado envolvimento em sequestros de crianças na Ucrânia.
"No momento em que a Rússia assume a presidência do Conselho de Segurança vamos aproveitar todas as oportunidades para impedir que usem este palco para espalhar desinformação", indicou a embaixadora norte-americana junto das Nações Unidas, em declarações aos jornalistas.