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Roménia aceita extraditar Andrew e Tristan Tate mas só depois do processo romeno

por Graça Andrade Ramos - RTP
Andrew Tate à chegada ao tribunal de Bucareste após um pedido de extradição do Reino Unido Octav Ganea - Reuters

A justiça romena aceitou esta terça-feira o pedido formalizado pelo tribunal britânico de Westminster para extraditar Andrew Tate, influencer americano-britânico acusado de crimes de cariz sexual, e o seu irmão, Tristan.

Contudo a extradição só terá lugar depois da conclusão do processo separado que decorre na Roménia contra Andrew, de 37 anos, e Tristan, de 35, por suspeitas semelhantes.

O tribunal de apelação de Bucareste "ordena a execução do mandato de detenção emitido a 19 de janeiro de 2024" por um magistrado de Westminster, remetendo-a para a "resolução do dossier" romeno, que poderá durar anos.

Esta segunda-feira Andrew Tate e o irmão foram detidos por 24 horas na Roménia, ao abrigo do mandado de detenção britânico, enquanto aguardavam a decisão judicial.

"Os irmãos Andrew e Tristan Tate foram detidos à força durante 24 horas e receberam um mandado de captura europeu das autoridades britânicas. As acusações, que remontam ao período de 2012-2015, incluem alegações de agressão sexual", avançou esta terça-feira um porta-voz de Andrew Tate, em comunicado.

Os dois homens foram libertados depois de emitida a decisão do tribunal, esta tarde.

"Apreciamos a decisão do Tribunal de Recurso de Bucareste em adiar a extradição de Andrew e de Tristan Tate", reagiu um dos seus advogados, Eugen Vidineac. "Esta decisão dá oportunidade aos irmãos de particparem plenamente na sua defesa e para o processo legal prosseguir de forma transparente".
Suspeitos de violação e de tráfico
Tanto no Reino Unido como na Roménia, Andrew Tate, um antigo campeão de kickboxing, é acusado de vários crimes de agressão sexual.

A investigação dos procuradores romenos abrange suspeitas de violação, de tráfico de seres humanos e de exploração sexual. Foram identificadas sete vítimas, assim como o evolvimento de Tristan.

No Reino Unido, Andrew foi acusado por várias mulheres de violação com estrangulamento, mas os processos, levantados entre 2012 e 2015, nunca resultaram em condenação, apesar das provas indiciarem abusos continuados.

De acordo com as autoridades romenas, os pedidos de extradição para os dois irmãos invocam novas acusações de exploração de seres humanos no Reino Unido.

O mandado de captura foi descrito pelo porta-voz dos Tate como um "reavivar desconcertante de acusações de há uma década", e deixou os irmãos "consternados e profundamente perturbados".

Ambos "rejeitam categoricamente todas as acusações
e manifestam a sua profunda desilusão pelo facto de alegações tão graves estarem a ser ressuscitadas sem novas provas substanciais", refere o comunicado.

Segundo as autoridades romenas, que estão a investigar acusações separadas, a exploração sexual de mulheres no país acontecia no âmbito de um negócio para adultos que operava como grupo criminoso.

O processo tem estado sob a tutela da câmara preliminar do Tribunal de Bucareste, que tem de decidir quando e se o julgamento terá início. O excesso de processos em tribunal tem, porém, atrasado a tomada de decisão sobre este caso.

Depois de algum tempo detidos entre dezembro de 2022 e abril de 2023, os irmãos ficaram sob prisão domiciliária, até agosto. Desde então estão autorizados a deslocar-se dentro da Roménia mas não a ausentar-se do país.
Influencer de misoginia e de raiva
Andrew Tate conta com milhares de seguidores nas redes sociais, através da promoção da supremacia da masculinidade sobre as mulheres, alimentando a misoginia e raiva de homens que se sentem injustamente rejeitados por mulheres.

A influência de Tate chegou a ser tal que levou os seus fãs a ameaçar quem tentasse "destruir" o seu ídolo, para choque das suas vítimas.

Tal como sucedeu nas acusações de há uma década no Reino Unido, Tate tem repetido a sua inocência, e continua a dizer que os procuradores romenos não têm quaisquer provas que o incriminem, justificando o processo como uma conspiração para o silenciar.

Esta segunda-feira, o advogado Vidineac garantiu aos jornalistas que "os nossos clientes estão plenamente comprometidos na participação ativa do processo judicial e na defesa da sua reputação."

"Acreditamos que estes rumor [de tráfico sexual] teve origem com um influencer popular que entendeu mal uma mensagem de texto publicada pelos nossos clientes enquanto transmitia em direto", acrescentou.

"Simplesmente não há qualquer autenticidade nele".

com agências
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