A sucessão de Liz Truss na liderança do Partido Conservador britânico pode ficar selada já esta segunda-feira, o derradeiro dia para a oficialização de candidaturas. Com o antigo primeiro-ministro Boris Johnson demarcado da corrida, é Rishi Sunak, antigo titular da pasta das Finanças, quem se perfila como favorito. Concorre contra Penny Mordaunt, líder da Câmara dos Comuns.
Derrotado no início de setembro por Liz Truss, Rishi Sunak, de 42 anos, surge agora como o mais provável sucessor da primeira-ministra cessante, que abandonou a liderança do Partido Conservador ao cabo de 44 dias de governação.
Sunak, de ascendência indiana, foi ministro das Finanças de 2020 a 2022 e um partidário do Brexit. Defende uma política de prudência económica e orçamental como meio de enfrentar a inflação galopante potenciada pela invasão russa da Ucrânia. Posição que, no passado, entre os correligionários, lhe valeu o epíteto de “demasiado centrista”, mas que constitui agora uma marca de tranquilização – dada a turbulência que as primeiras medidas fiscais anunciadas por Truss semearam na economia e nos mercados.Rishi Sunak é casado com Akshata Murty, filha de um multimilionário indiano. A fortuna do antigo ministro, também construída durante a sua carreira no mundo da alta finança, é por vezes motivo de censura, num contexto de crescentes dificuldades económicas na Grã-Bretanha.
A adversária de Sunak, Penny Mordaunt, de 48 anos, é desde setembro deste ano líder da Câmara dos Comuns, o equivalente a ministra responsável pelos assuntos parlamentares. Foi pela primeira vez eleita deputada em maio de 2010, por Portsmouth North.
Ocupou cargos governativos a partir de 2017: foi vice-ministra no gabinete de Boris Johnson e, antes disso, no Executivo de Theresa May, secretária de Estado para o Desenvolvimento Internacional, de 2017 a 2019, e secretária de Estado para a Defesa, de maio a julho de 2019.
Boris Johnson disse não
Depois de vários dias de especulação em torno de um possível regresso à liça política, na esteira do colapso do Governo de Liz Truss, Boris Johnson veio clarificar, no domingo, que não estaria na corrida, embora admitindo que chegou a ponderar o caminho do retorno ao Número 10 de Downing Street.
“Liderei o nosso partido para uma vitória eleitoral em massa há menos de três anos – e acredito, por isso, que estou colocado de forma única para evitar agora uma eleição geral. Uma eleição geral seria uma distração ainda mais desastrosa quando o Governo deve focar-se nas pressões económicas que as famílias enfrentam em todo o país”, escreveu Boris Johnson.
O antigo primeiro-ministro sustenta que, apesar de reunir o apoio suficiente para avançar, “isso simplesmente não seria a coisa certa a fazer”, uma vez que “não se pode governar sem um partido unido no Parlamento”.
Numa nota, Johnson afiança ter reunido o apoio de 102 deputados. Todavia, num documento oficial, ao qual a RTP teve acesso, constam apenas 74 assinaturas. Rishi Sunak e o antigo primeiro-ministro estiveram reunidos no sábado, tendo em vista divisarem uma plataforma de entendimento.
No Twitter, Rishi Sunak teceu elogios à passagem de Johnson pela liderança dos conservadores e do poder executivo.
“Boris Johnson concretizou o Brexit e a grande distribuição de vacinas. Liderou o nosso país durante alguns dos desafios mais duros que já enfrentámos e enfrentou Putin e a sua guerra bárbara na Ucrânia. Seremos sempre gratos por isso”, escreveu.
1/ Boris Johnson delivered Brexit and the great vaccine roll-out.
— Rishi Sunak (@RishiSunak) October 23, 2022
He led our country through some of the toughest challenges we have ever faced, and then took on Putin and his barbaric war in Ukraine.
We will always be grateful to him for that.
Para acrescentar: “Ainda que tenha decidido não concorrer novamente para primeiro-ministro, espero verdadeiramente que continue a contribuir para a vida pública em casa ou no estrangeiro”.
Segundo a contagem da BBC, o número de deputados que já expressaram publicamente o apoio a Sunak ascende agora a 155. Mourdant não vai além dos 25.
c/ agências
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