Rishi Sunak dado como favorito. Conservadores britânicos a um passo de nova liderança

por Carlos Santos Neves - RTP
Boris Johnson veio clarificar no domingo que não estará na corrida, mas admitiu que chegou a ponderar o caminho do retorno ao Número 10 de Downing Street Andy Rain - EPA

A sucessão de Liz Truss na liderança do Partido Conservador britânico pode ficar selada já esta segunda-feira, o derradeiro dia para a oficialização de candidaturas. Com o antigo primeiro-ministro Boris Johnson demarcado da corrida, é Rishi Sunak, antigo titular da pasta das Finanças, quem se perfila como favorito. Concorre contra Penny Mordaunt, líder da Câmara dos Comuns.

O prazo para a oficialização de candidaturas à liderança dos tories esgota-se às 14h00. Para se constituir como elegível, um candidato terá de reunir o apoio de 100 deputados do Partido Conservador, cujo grupo parlamentar ocupa 357 assentos na Câmara dos Comuns.Se apenas um dos candidatos se qualificar como candidato, a liderança ficará definida esta segunda-feira. Caso vinguem duas candidaturas, a escolha é confiada aos 170 mil militantes conservadores, que votarão por via eletrónica entre terça e sexta-feira.

Derrotado no início de setembro por Liz Truss, Rishi Sunak, de 42 anos, surge agora como o mais provável sucessor da primeira-ministra cessante, que abandonou a liderança do Partido Conservador ao cabo de 44 dias de governação.

Sunak, de ascendência indiana, foi ministro das Finanças de 2020 a 2022 e um partidário do Brexit. Defende uma política de prudência económica e orçamental como meio de enfrentar a inflação galopante potenciada pela invasão russa da Ucrânia. Posição que, no passado, entre os correligionários, lhe valeu o epíteto de “demasiado centrista”, mas que constitui agora uma marca de tranquilização – dada a turbulência que as primeiras medidas fiscais anunciadas por Truss semearam na economia e nos mercados.Rishi Sunak é casado com Akshata Murty, filha de um multimilionário indiano. A fortuna do antigo ministro, também construída durante a sua carreira no mundo da alta finança, é por vezes motivo de censura, num contexto de crescentes dificuldades económicas na Grã-Bretanha.

A adversária de Sunak, Penny Mordaunt, de 48 anos, é desde setembro deste ano líder da Câmara dos Comuns, o equivalente a ministra responsável pelos assuntos parlamentares. Foi pela primeira vez eleita deputada em maio de 2010, por Portsmouth North.

Ocupou cargos governativos a partir de 2017: foi vice-ministra no gabinete de Boris Johnson e, antes disso, no Executivo de Theresa May, secretária de Estado para o Desenvolvimento Internacional, de 2017 a 2019, e secretária de Estado para a Defesa, de maio a julho de 2019.
Boris Johnson disse não
Depois de vários dias de especulação em torno de um possível regresso à liça política, na esteira do colapso do Governo de Liz Truss, Boris Johnson veio clarificar, no domingo, que não estaria na corrida, embora admitindo que chegou a ponderar o caminho do retorno ao Número 10 de Downing Street.

“Liderei o nosso partido para uma vitória eleitoral em massa há menos de três anos – e acredito, por isso, que estou colocado de forma única para evitar agora uma eleição geral. Uma eleição geral seria uma distração ainda mais desastrosa quando o Governo deve focar-se nas pressões económicas que as famílias enfrentam em todo o país”, escreveu Boris Johnson.

O antigo primeiro-ministro sustenta que, apesar de reunir o apoio suficiente para avançar, “isso simplesmente não seria a coisa certa a fazer”, uma vez que “não se pode governar sem um partido unido no Parlamento”.

Numa nota, Johnson afiança ter reunido o apoio de 102 deputados. Todavia, num documento oficial, ao qual a RTP teve acesso, constam apenas 74 assinaturas.
Rishi Sunak e o antigo primeiro-ministro estiveram reunidos no sábado, tendo em vista divisarem uma plataforma de entendimento.

No Twitter, Rishi Sunak teceu elogios à passagem de Johnson pela liderança dos conservadores e do poder executivo.

“Boris Johnson concretizou o Brexit e a grande distribuição de vacinas. Liderou o nosso país durante alguns dos desafios mais duros que já enfrentámos e enfrentou Putin e a sua guerra bárbara na Ucrânia. Seremos sempre gratos por isso”, escreveu.


Para acrescentar: “Ainda que tenha decidido não concorrer novamente para primeiro-ministro, espero verdadeiramente que continue a contribuir para a vida pública em casa ou no estrangeiro”.

Segundo a contagem da BBC, o número de deputados que já expressaram publicamente o apoio a Sunak ascende agora a 155. Mourdant não vai além dos 25.

c/ agências
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