O veto da Rússia inviabilizou esta terça-feira, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, um projeto de resolução dos Estados Unidos que visava a criação de um mecanismo internacional de investigação sobre armas químicas na Síria. Caiu, em simultâneo, um projeto russo para um inquérito análogo.
O projeto de resolução, que previa um mandato de um ano para o mecanismo internacional, recolheu esta terça-feira 12 votos a favor, dois votos contra, da Rússia e da Bolívia, e uma abstenção, por parte da representação chinesa.Desde o início da guerra na Síria, em 2011, a Rússia vetou 12 resoluções. Para passar, um texto precisa de pelo menos nove votos a favor e da aprovação dos países com poder de veto: Rússia, China, França,Grã-Bretanha e EUA.
As Nações Unidas deixaram de dispor de um organismo dedicado à investigação de ataques químicos na Síria por via de uma sequência de vetos russos, no final do ano passado.
O extinto mecanismo de investigação conjunta, ou JIM – Joint Investigation Mechanism, na designação inglesa, agregava especialistas da ONU e da OPAQ – Organização para a Proibição de Armas Químicas.
O presumível ataque com armas químicas no bastião rebelde de Douma, largamente atribuído pelo Ocidente às forças do Presidente sírio, terá feito 60 vítimas mortais e mais de mil feridos.
Na rede social Twitter, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, apressou-se a acusar a Rússia “apoiar um regime responsável por pelo menos quatro odiosos ataques químicos contra o seu povo”.
“A História vai registar que, neste dia, a Rússia optou por proteger um monstro em detrimento das vidas do povo sírio”, acusou, na mesma linha, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley.
Também a Rússia havia submetido um projeto tendo em vista um outro inquérito sobre armas químicas. Caberia, ao abrigo desta resolução, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas atribuir responsabilidades.
O texto acabou igualmente rejeitado, tendo recolhido apenas seis votos a favor. Sete dos membros votaram contra e outros dois abstiveram-se.
“Mais um passo para a confrontação”
O Presidente dos Estados Unidos e parte dos seus aliados ocidentais estão a ponderar eventuais ações militares contra o Governo de Bashar al-Assad, em retaliação pelo ataque sobre Douma. Donald Trump prometia, na segunda-feira, anunciar a sua decisão em 24 a 48 horas.A Organização para a Proibição de Armas Químicas deverá enviar “em breve” uma equipa à Síria para investigar os recentes acontecimentos em Douma.
O 45.º Presidente norte-americano cancelou mesmo uma deslocação à América Latina, prevista para esta semana, num gesto que a Casa Branca justificou com a necessidade de manter o foco na resposta ao ataque do fim de semana na Síria.
No momento de contraditar os argumentos vertidos no texto da Administração Trump, o embaixador russo nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, descreveu a posição da diplomacia norte-americana como o prólogo de um ataque ocidental à Síria de Assad.
“Os Estados Unidos estão, uma vez mais, a tentar iludir a comunidade internacional e a dar mais um passo para a confrontação”, afirmou o diplomata russo diante dos demais membros do Conselho de Segurança.
“É óbvio que este passo de provocação não tem nada a ver com um desejo de investigar o que aconteceu”, reforçou Nebenzia.
Tópicos
Armas
,
Químicas
,
Síria
,
Bashar al-Assad
,
Rússia
,
Conselho de Segurança
,
ONU
,
Estados Unidos
,
Resolução