Após um mês no mar, foi resgatada em Cabo Verde uma piroga que chegou a transportar 101 migrantes. Sessenta e três pessoas morreram à fome durante a viagem.
A piroga, com 101 migrantes a bordo, a maioria de nacionalidade senegalesa, partiu do porto de Saint Louis, no Senegal, na zona fronteiriça com a Mauritânia, a 7 de julho e foi avistada a 14 de agosto, cerca das 7h00 locais (9h00 em Lisboa), a 241 quilómetros da ilha do Sal, relata o documento.
O Governo senegalês refere uma partida a 10 de julho, três dias depois, de Fass Boye, uma vila costeira entre Dacar e Saint Louis.
"Dos 45 migrantes, sete chegaram em estado de cadáver, sendo logo encaminhados para a morgue do hospital regional Ramiro Alves Figueira para possível efeito de identificação." lê-se no relatório.
"Do total dos sobreviventes, 38, todos do sexo masculino, 37 de nacionalidade senegalesa e um da Guiné-Bissau, há a destacar quatro sobreviventes adolescentes de idades entre 12 a 16 anos", conclui.
No seu relatório, a Cruz Vermelha relata o trabalho levado a cabo por uma equipa multidisciplinar das autoridades cabo-verdianas: desde a receção dos migrantes no porto à prestação de cuidados sanitários e médicos, passando pelo acolhimento em tendas preparadas para o efeito.
Em novembro de 2022, depois de uma embarcação com 66 migrantes senegaleses dar à costa na Ilha do Sal, Cabo Verde e Senegal – um dos principais países de origem e de trânsito dos fluxos migratórios com destino à Europa – manifestaram a vontade de reforçar a cooperação e trabalhar conjuntamente para combater a imigração ilegal.
No início do ano, o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, pediu ajuda internacional tendo em vista criar condições para prevenir a chegada de migrantes e promover o seu acompanhamento. Isto depois de uma outra piroga ter chegado à ilha da Boa Vista com 90 migrantes africanos a bordo, entre os quais dois mortos.
A via atlântica voltou a ganhar força com o encerramento das fronteiras provocado pela pandemia da covid-19 e a crise económica associada.