Representante de regiões anexadas na Ucrânia impedida de intervir no Conselho de Segurança

por Lusa

A mediadora russa para os Direitos Humanos em regiões ucraninas anexadas pela Rússia, Daria Morozova, foi hoje impedida de intervir no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), situação que gerou várias críticas de Moscovo.

A tentativa da Rússia de levar Morozova a discursar na qualidade de representante da sociedade civil gerou um momento de impasse no Conselho de Segurança, que culminou numa votação em que oito Estados-membros se posicionaram contra a intervenção, quatro a favor e três se abstiveram.

O pedido de voto foi liderado pela embaixadora norte-americana junto à ONU, Linda Thomas-Greenfield, que sugeriu que a participação de Morozova poderia ser interpretada como o reconhecimento das anexações russas de territórios ucranianos.

"Os Estados Unidos apoiam fortemente os informantes da sociedade civil que podem compartilhar a sua experiência relevante com o Conselho. No entanto, (...) não é apropriado que o Conselho convide alguém que pretenda ser a representante da chamada República Popular de Donetsk", disse a diplomata norte-americana antes do voto.

"O convite a essa pessoa específica é uma tentativa flagrante e transparente de fazer com que o Conselho pareça legitimar a tentativa ilegal de anexação pela Federação Russa. A simples remoção de referências a cargos ou títulos não altera esse facto. (...) Os Estados Unidos não apoiarão nenhuma tentativa de legitimar a tentativa ilegal de anexação de outro país pela Federação Russa", frisou Linda Thomas-Greenfield.

Por sua vez, o embaixador russo, Vasily Nebenzya, argumentou que a intervenção de Daria Morozova daria ao Conselho a oportunidade de receber informações em primeira mão sobre a "catastrófica situação humanitária" em regiões ucranianas agora anexadas, e classificou a recusa como uma "política flagrante de dois pesos e duas medidas" do Conselho.

"Os nossos colegas ocidentais temem que, se as vozes da verdade abrirem o caminho, todos os seus esforços para encobrir os seus subordinados em Kiev entrarão em colapso. (...) O Conselho, mais uma vez, tornou-se refém da conduta sem escrúpulos de delegações ocidentais que buscam abertamente promover os seus interesses", acrescentou.

Após a votação, o Conselho de Segurança deu continuidade a um `briefing` aberto sobre a situação humanitária na Ucrânia, convocado pela França e pelo Equador.

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