Renamo deve aproveitar insatisfação popular para tentar vitória eleitoral

por Lusa

Maputo, 14 jan (Lusa) - O investigador moçambicano Sérgio Chichava afirmou hoje à Lusa que o futuro líder da Renamo deve ter a capacidade de dinamizar o partido para a vitória nas eleições gerais de outubro, capitalizando a insatisfação popular contra a Frelimo, partido no poder.

"A Renamo tem uma belíssima oportunidade para se reinventar, há um grande descontentamento no seio da população [perante a Frelimo], há um desgaste", declarou Sérgio Chichava.

Os resultados das eleições autárquicas de 10 de outubro próximo mostram que o eleitorado moçambicano deseja a mudança e o novo líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) deve afirmar o partido como alternativa à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

Sérgio Chichava, pesquisador do Instituto de Estudos Económicos e Sociais (IESE), considera que, se a Renamo falhar a ascensão ao poder nas eleições gerais deste ano, ficará mais longe da governação, porque a Frelimo pode reorganizar-se e manter-se na direção dos destinos do país por muitos mais anos.

"Se a Renamo não conseguir desta vez, poderá ser um golpe profundo, mas se conseguir gerir bem o processo de sucessão de Afonso Dhlakama, vai afirmar-se como solução governativa com credibilidade", declarou.

Sérgio Chichava considera que o novo líder do principal partido da oposição deve ter a habilidade de reconciliar e promover a coesão entre os membros da Renamo, acabando com o sentimento de marginalização que pode estar a pairar em várias esferas da organização.

"Este indivíduo tem de ter a visão daquilo que a Renamo pretende, que é estar no poder, estando no poder não deve excluir ou marginalizar franjas do partido, porque isso se pode mostrar fraturante para o partido", frisou.

A Renamo realiza de 15 a 17 deste mês um congresso eletivo para escolher o sucessor de Afonso Dhlakama, que morreu de doença a 03 de maio do ano passado.

O congresso terá a participação de 700 delegados e 300 convidados e vai realizar-se na no distrito da Gorongosa, província de Sofala, centro de Moçambique.

Até ao momento, existem três candidatos prováveis: o irmão de Afonso Dhlakama e dirigente da ala militar Elias Dhlakama, o coordenador interino Ossufo Momade e o atual secretário-geral Manuel Bissopo.

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