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Relatório norte-americano conclui que China expandiu drasticamente o arsenal nuclear

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Suo Takekuma - Reuters

O relatório anual dos Estados Unidos sobre o poder militar da China, publicado esta quinta-feira, conclui que Pequim está a expandir o seu arsenal nuclear a um ritmo muito mais rápido do que o previsto. Segundo o relatório, a China tem atualmente mais de 500 ogivas nucleares operacionais e poderá duplicar esse número até 2030.

No relatório divulgado pelo Pentágono, os EUA afirmam que em maio deste ano a China contava com 500 ogivas nucleares operacionais, o que significa que está “no caminho certo para superar as projeções anteriores”.

Washington prevê que Pequim terá mais de mil ogivas nucleares operacionais até 2030 e continuará a expandir as suas capacidades para garantir que a modernização das suas forças armadas esteja “basicamente concluída” até esse ano.

"Vemos a RPC (República Popular da China) a continuar a modernizar-se, a diversificar e a expandir rapidamente as suas forças nucleares", disse um alto funcionário dos EUA aos jornalistas durante um briefing sobre o relatório.

"O que estão a fazer agora, se compararmos com o que faziam há cerca de uma década, é realmente muito superior em termos de escala e complexidade", disse o responsável.

Para além da expansão do seu arsenal nuclear, o relatório conclui ainda que a China está a desenvolver um novo sistema de mísseis balísticos intercontinentais que usam armas convencionais, o que permitiria a Pequim “ameaçar com ataques convencionais contra alvos no território continental dos Estados Unidos, no Hawai e no Alasca”. O relatório acrescenta que a Marinha chinesa tem atualmente mais de 370 navios e submarinos, acima dos 340 navios que possuía o ano passado.

"Não estamos a tentar sugerir um grande afastamento de onde eles [a China] pareciam estar a dirigir-se, mas estamos a sugerir que eles estão no caminho certo para superar as projeções anteriores", disse o responsável, acrescentando que esta questão “levanta muitas preocupações [para os EUA]”.

O relatório também observa que Pequim “aumentou a pressão diplomática, política e militar” contra Taiwan nos últimos meses e intensificou “ações provocativas e desestabilizadoras” dentro e ao redor do Estreito de Taiwan.

China diz que relatório “distorce os factos”
Pequim já reagiu ao relatório da Casa Branca, afirmando que “distorce os factos” e está “cheio de preconceitos”.

"Em primeiro lugar, o relatório dos Estados Unidos, tal como relatórios semelhantes anteriores, ignora os factos, está cheio de preconceitos e espalha a teoria da ameaça representada pela China", disse o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, numa conferência de imprensa esta sexta-feira.

Mao Ning reiterou que a China não tem intenção de se envolver numa corrida ao armamento nuclear e explicou que a estratégia nuclear de Pequim consiste numa “estratégia de autodefesa e defesa”.

“Sempre mantivemos as nossas forças nucleares no nível mais baixo necessário para a segurança nacional e não temos intenção de nos envolvermos numa corrida armamentista nuclear com qualquer país", disse Mao.


“Enquanto qualquer país não usar ou ameaçar usar armas nucleares contra a China, não será ameaçado pelas armas nucleares da China”, asseverou.

A China está atualmente numa missão para desenvolver novo armamento e melhorar o seu treino militar como parte do esforço de modernização, que visa cumprir o objetivo de Xi Jinping de ter forças armadas de “classe mundial” até 2049.

Apesar do crescimento do seu arsenal nuclear, a China continua muito atrás dos EUA e da Rússia. Moscovo tem um arsenal nuclear implantado de cerca de 1.550 ogivas e Washington tem cerca de 1.419 ogivas nucleares estratégicas implantadas.

O relatório anual do Pentágono sobre as forças armadas de Pequim é uma forma de os EUA avaliarem as capacidades militares da China, que o governo dos EUA vê como a sua principal ameaça na região e o principal desafio de segurança a longo prazo da América.

O relatório é conhecido um mês antes de uma reunião entre o líder chinês Xi Jinping e o presidente norte-americano Joe Biden à margem da cimeira de Cooperação Económica Ásia-Pacífico, que irá decorrer em São Francisco.
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