Relatório da polícia britânica. Violência contra mulheres e meninas atinge níveis "epidémicos"
Abuso doméstico, violação, agressão sexual, perseguição e assédio foram responsáveis por 20 por cento do total de crimes registados pela polícia em Inglaterra e no País de Gales, entre 2022 e 2023. É o retrato feito no mais recente relatório, divulgado esta terça-feira, pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia do Reino Unido e pelo Colégio de Policiamento, que refere que os crimes de violência contra mulheres e meninas atingiram "níveis alarmantes".
O relatório de com 70 páginas diz-nos que um em cada seis assassinatos em Inglaterra e no País de Gales entre 2022 e 2023 está relacionado com violência doméstica.
A investigação aponta para a existência de pelo menos uma em cada 12 mulheres vítima a cada ano de crimes violentos de género, incluindo violação, perseguição, assédio e abuso sexual online, de acordo com o relatório.
“Emergência nacional”
Esta tendência de aumento de crimes de violência contra mulheres e crianças já tinha sido registada entre 2018 a 2022. Blyth reporta que nesse período os dados são "impressionantes". “Cresceram em escala e complexidade a cada ano, com crimes violentos a atingirem 37 por cento”.
O abuso e a exploração sexual infantil aumentaram 435 por cento entre 2013 e 2022, estimou o relatório, para passarem de pouco mais de 20 mil para quase 107 mil casos.
“Uma em cada 20 pessoas é criminosa”
Em 2023, o governo britânico classificou a violência contra mulheres e meninas como uma ameaça nacional à segurança pública e as forças policiais foram instruídas para dar prioridade a estas queixas.
Porém, durante a investigação para este relatório, observou-se que a “escala da violência é tão grande que a aplicação da lei por si só é incapaz de gerir o fenómeno”.
Um dos números registados neste documento são os 41.540 crimes de abuso sexual cometidos contra meninas de 10 a 17 anos, só entre agosto de 2022 e julho de 2023.
“Estima-se que uma em cada 20 pessoas seja perpetradora de violência contra mulheres e meninas por ano, com o número real significativamente maior”, realça o relatório.
O documento refere ainda um aumento de 25% no número de prisões de 2019 a 2022. Mas para Blyth “essa resposta não foi suficiente”, pelo que pede mais apoio governamental para enfrentar um sistema de justiça criminal que está “sobrecarregado e apresenta fraco desempenho para com as vítimas”.
“O nosso foco sempre será levar os homens por trás desses crimes perante a justiça”, sublinha a subchefe.