Relatório da ONU. Desigualdade e austeridade fomentam doenças mentais
Um relator especial das Nações Unidas afirma que, desde a crise financeira de 2008, as medidas de austeridade, que acentuaram a desigualdade e a exclusão social, foram prejudiciais à saúde mental. E a prescrição de medicamentos pode afigurar-se inadequada, se as doenças forem sobretudo causadas por fatores psicossociais.
A crise financeira de 2008 e as políticas de austeridade que se seguiram contribuíram negativamente para a saúde mental. "As medidas de austeridade não contribuíram de forma positiva para a saúde mental. As pessoas sentem-se inseguras, sentem-se ansiosas, não têm um bem-estar emocional devido a esta situação de insegurança", disse.
"A desigualdade é um obstáculo chave na saúde mental a nível global. Muitos fatores de risco para uma má saúde mental estão associados a desigualdades nas condições de vida. Muitos fatores de risco estão também relacionados com o impacto corrosivo de ver a vida como algo injusto", escreve no relatório.
Assim, não serão apenas fatores biológicos ou neurológicos que contribuem para as doenças mentais, mas também fatores psicossociais como a pobreza, a desigualdade, a exclusão social e medidas governamentais.
Nas últimas décadas, o número de pessoas que sofrem de doenças mentais tem aumentado, designadamente a depressão e a ansiedade, que cresceram 40 por cento nos últimos 30 anos. Atualmente, estima-se que 970 milhões de pessoas sofram de alguma doença mental, um número preocupante.
O relator alerta ainda para a influência da indústria farmacêutica, que diz "disseminar informação tendenciosa acerca da saúde mental".
Por último, encoraja os governos a adotarem medidas de combate à desigualdade e à exclusão social, assim como uma melhor segurança social e sindicatos mais fortes.