Relatores especiais das Nações Unidas alertaram hoje que o futuro do Afeganistão "é sombrio" se não for feito mais para inverter a deterioração dos direitos humanos e pediram à comunidade internacional que intensifique drasticamente os esforços nesse sentido.
"Apesar de assumirem numerosos compromissos em matéria de defesa dos direitos humanos, os talibãs não só não cumpriram as suas promessas, como inverteram grande parte dos progressos realizados nas últimas duas décadas", acusam os especialista das ONU, incluindo Richard Bennett, relator especial sobre a situação dos direitos humanos no Afeganistão.
O grupo exorta a comunidade internacional a tomar "medidas rigorosas para proteger os afegãos de violações dos direitos humanos, incluindo detenção arbitrária, execuções sumárias, deslocamentos internos e restrições ilícitas aos seus direitos humanos", em especial os grupos mais suscetíveis, como mulheres e as raparigas mas também defensores dos direitos humanos, jornalistas e ativistas da sociedade civil, entre outros.
"A impunidade só conduzirá a novas violações e à deterioração da situação dos direitos humanos no país", sustenta o grupo de especialistas.
Além disso, alertam os cerca de 20 relatores da ONU, a crise humanitária e económica não diminuiu e prevê-se que se agrave "em parte devido à interrupção da assistência ao desenvolvimento internacional e ao congelamento dos ativos afegãos no estrangeiro".
"As autoridades de facto procuram reconhecimento e legitimidade internacionais", mas tal não deve acontecer enquanto não derem passos significativos no sentido do respeito dos direitos humanos, "nomeadamente reabrindo imediatamente as escolas secundárias das raparigas e restabelecendo o seu acesso a uma educação de qualidade", adiantam.
Os relatores da ONU fazem uma referência ao líder da Al-Qaida morto em território afegão, dizendo que os talibãs "parecem ter albergado" Ayman al-Zawahiri, mas criticam também o ataque feito com recurso a `drones` pelos Estados Unidos que "levanta preocupações de uma violação do direito internacional".