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Reino Unido. Ministério do Interior investe em tendas para alojar imigrantes

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Migrantes que partiram da costa do norte de França atravessam o Canal da Mancha num barco insuflável perto de Dover, na Grã-Bretanha, a 4 de agosto de 2021. Peter Nicholls Arquivo | Peter Nicholls - Reuters

O governo britânico comprou tendas para alojar até 2000 imigrantes nos próximos meses. O objetivo é substituir o alojamento em hotéis, considerado demasiado caro, e economizar dinheiro, segundo noticia o jornal The Times. Um projeto "cruel", de acordo com as associações de Direitos Humanos.

Numa altura em que o sistema de asilo está a colapsar, devido à pressão da procura e à falta de recursos atribuídos pelo governo conservador britânico, o Ministério do Interior adquiriu tendas na expetativa de um aumento das chegadas de imigrantes através do Canal da Mancha nas próximas semanas, tal como aconteceu no verão passado, conta o The Times.

O projeto elaborado pela ministra do Interior, Suella Braverman, prevê reduzir a fatura do alojamento em hotéis para os requerentes de asilo, que supera os dois mil milhões de libras (2,33 mil milhões de euros) por ano, alojando milhares de imigrantes em tendas montadas em instalações militares desativadas, que começarão a ser instaladas já nas próximas semanas.

Segundo o que uma fonte governamental disse ao jornal, uma proposta semelhante foi apresentada e rejeitada no ano passado durante o governo de Boris Johnson, tendo em conta os avisos de alguns membros do executivo que temiam que a medida pudesse desencadear ações judiciais por tratamento desumano, chegando mesmo a comparar a proposta a campos de concentração.

No comunicado da Agence France Presse, lê-se que uma fonte do Ministério do Interior disse ao The Times que "é óbvio que não podemos voltar a estar numa posição em que temos de reservar hotéis caros para os imigrantes".
Um projeto “cruel” "Esta é mais uma forma de o governo demonizar os requerentes de asilo", criticou Tim Naor Hilton, descrevendo o plano como "cruel” e fundamentado na “abordagem profundamente racista à proteção dos refugiados”.

"Não deveria ser demais pedir que as pessoas que fugiram da violência, da tortura e da perseguição tenham os seus pedidos avaliados de forma rápida e justa e sejam alojadas em casas seguras nas nossas comunidades"
, acrescentou Tim Naor Hilton, diretor da organização Refugee Action.
Luta contra a imigração

O atual governo de Rishi Sunak, ex-líder do Partido Conservador, fez da luta contra a imigração uma das suas principais prioridades e está a intensificar as medidas para impedir a chegada de imigrantes.
No dia 18 de julho, o Parlamento aprovou a controversa lei sobre “imigração ilegal”, de acordo com a qual os imigrantes que chegarem ao Reino Unido através do Canal da Mancha deixarão de ter o direito de pedir asilo no país.
A correspondente da RTP em Londres, Rosário Salgueiro, explica a política migratória de Sunak.

Apesar da promessa do primeiro-ministro britânico de “parar os barcos”, mais de 15 mil pessoas fizeram já travessias não autorizadas este ano através do Canal da Mancha, de acordo com dados do próprio governo. Espera-se que os próximos meses - agosto, setembro e outubro - sejam os mais movimentados. Nesta mesma altura, no ano passado, chegaram ao Reino Unido em pequenas embarcações 51% das quase 48 mil pessoas, um número recorde.

Londres está a planear enviar requerentes de asilo, já na próxima semana, para “Bibby Estocolmo”, uma barcaça atracada no porto de Portland, em Dorset, no sudoeste de Inglaterra.

c/agências
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