Reino Unido. Jeremy Hunt é o novo ministro das Finanças

por RTP
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Jeremy Hunt foi escolhido para ocupar a pasta das Finanças do Reino Unido, depois da demissão de Kwasi Kwarteng. O anterior ministro foi demitido esta sexta-feira, permanecendo apenas 38 dias no executivo: o segundo mandato mais curto na história do país.

Jeremy Hunt, membro do Partido Conservador, regressa ao governo, depois de ter abandonado as funções que tinha nos Negócios Estrangeiros em 2019.

Kwasi Kwarteng estava em Washington para reuniões anuais do FMI, quando recebeu ordens para voltar a Londres para discussão das controversas medidas orçamentais tomadas a 23 de setembro. Este conjunto de medidas financeiras incluía o congelamento dos preços da energia para famílias e empresas, entre outras reduções de impostos.
A medida mais contestada foi a abolição do escalão mais alto de impostos sobre os rendimentos dos contribuintes mais ricos: escalão onde estão incluídos os contribuintes singulares que recebem mais de 150 mil libras por ano, o equivalente a 171,3 mil euros. Nesta faixa, os rendimentos são taxados a 45%, algo que Kwarteng queria abolir. Além disso, o ministro anunciou a descida de 20% para 19% no escalão mais baixo e um desconto imediato no imposto sobre a compra de habitação. 

As propostas acabaram por ter um efeito altamente contrário ao esperado. O custo da maior intervenção fiscal das últimas décadas foi estimado em cerca de 45.000 milhões de libras, o equivalente a 51.000 milhões de euros, algo que foi recebido com desconfiança pelos mercados financeiros, o que levou a uma desvalorização da libra e a um aumento dos juros sobre a dívida britânica. A forte instabilidade financeira obrigou ainda à intervenção de emergência do Banco de Inglaterra.

Numa altura em que a taxa de inflação e o custo de vida continuam a subir, os planos do ministro não agradam a uma grande parte da população britânica e a pressão sobre Truss para demitir Kwarteng aumentou fortemente. O facto de a chefe de Governo ter admitido numa entrevista que o ministro não lhe falou da medida antes de a apresentar no parlamento, levou os críticos a acreditarem que não havia um grande entendimento entre os dois governantes.

Kwarteng confirmou a demissão na conta de Twitter. "Pediu-me para eu me demitir, e eu aceitei", lê-se na carta publicada. O ministro demissionário das Finanças confessa que esteve sempre consciente que a situação no país era “incrivelmente difícil” devido à subida global das taxas de juro e preços da energia. Kwarteng deixa ainda uma mensagem de boa sorte à governante para o futuro.
 
Em apenas um mês de mandato, Liz Truss tem sido alvo de duras críticas, especialmente dentro do próprio partido, onde vários deputados começam a questionar a sua permanência em Downing Street.

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