Reino Unido extraditou empreiteiro acusado de fraude e corrupção na África do Sul

por Lusa

Um ex-administrador da construtora luso-sul-africana foi extraditado hoje do Reino Unido para a África do Sul num caso de fraude e corrupção de 1,4 mil milhões de rands (71,4 milhões de euros).

A porta-voz do comando nacional da polícia de investigação criminal (Hawks), Thandi Mbambo, disse à Lusa que o empreiteiro Michael Lomas foi entregue à polícia de investigação criminal sul-africana à chegada ao aeroporto internacional OR Tambo, em Joanesburgo, esta manhã.

O empreiteiro britânico, de 75 anos, antigo administrador da empresa Tubular Construction Projects, administrada pelo português António Trindade, foi detido em 2021 pela polícia britânica a pedido das autoridades sul-africanas, e era procurado pela Polícia Internacional (INTERPOL), segundo a polícia sul-africana.

"Lomas enfrenta 65 acusações de corrupção relacionada com 1,4 mil milhões de rands que se destinavam à modernização da central elétrica de Kusile, da Eskom, em Mpumalanga, entre 2014 e 2017", salientou em comunicado o porta-voz da Direção de Investigação Contra a Corrupção, Henry Mamothame.

Em 2021, um tribunal de Londres concedeu a liberdade condicional a Michael Lomas após o pagamento de fiança de 100 mil libras (120 mil euros) e uma garantia adicional de 250 mil libras (300 mil euros), segundo as autoridades sul-africanas.

Lomas fugiu alegadamente para o Reino Unido após ter sido acusado com mais quatro pessoas na África do Sul, incluindo o empresário português, que foram detidos em dezembro de 2019 por fraude, corrupção, branqueamento de capitais e suborno, tendo saído em liberdade condicional mediante o pagamento de 300 mil rands (15.400 euros) à Justiça sul-africana.

No âmbito da investigação iniciada em 2017 à alegada corrupção na central elétrica sul-africana de Kusile, pelo menos 11 pessoas foram formalmente acusadas até hoje, incluindo ex-gestores da Eskom e administradores da empresa Tubular Construction, segundo o porta-voz da Direção de Investigação Contra a Corrupção.

De acordo com as autoridades sul-africanas, a concessionária pública de eletricidade Eskom pagou 745 milhões de rands (38 milhões de euros) à empresa Tubular Construction Projects, administrada pelo português António Trindade.

Todavia, de acordo com a investigação, a entidade estatal foi alegadamente alvo de uma "escalada" de custos na ordem de 1,4 mil milhões de rands (71,4 milhões de euros) no âmbito do contrato de empreitada com a Tubular Construction Projects, que faz parte do Grupo Tubular Holdings (Pty), com sede em Joanesburgo, igualmente administrado por António Trindade.

Em 2021, o tribunal superior de Pretória concedeu à Direção de Investigação (ID) da Autoridade Nacional de Acusação (NPA), no âmbito do Ministério Público, uma ordem para congelar 1,4 mil milhões de rands (71,4 milhões de euros) em ativos pertencentes a antigos executivos da Eskom e da empresa de António Trindade.

"O ex-gestor de contratos da Eskom France Hlakudi, o ex-executivo do grupo Abram Masango, o ex-CEO da Tubular Construction Projects António Trindade, o empresário Maphoko Kgomoeswana, o ex-executivo da Tubular Holdings Michael Lomas, seis empresas detidas por estes indivíduos foram intimadas pela ordem judicial", disse na altura o porta-voz do ID, Sindisiwe Seboka.

A empreitada está relacionada com a construção da central elétrica de Kusile, uma central a carvão da concessionária estatal com pelo menos 4.000 megawatts (MW) de capacidade instalada no nordeste do país.

Localizada perto de eMalahleni, em Mpumalanga, a central de Kusile "é o maior projeto de construção da África do Sul" e "será a quarta maior central a carvão do mundo após a sua conclusão, anunciou em junho a empresa pública sul-africana Eskom.

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