Reino Unido convoca embaixadora israelita após morte de trabalhadores humanitários

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Ahmed Zakot - Reuters

O Governo britânico convocou, esta terça-feira, a embaixadora israelita Tzipi Hotovely por causa da morte de sete funcionários humanitários da ONG World Central Kitchen na Faixa de Gaza, entre os quais três britânicos, anunciou o Ministério britânico dos Negócios Estrangeiros. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o ataque israelita não foi intencional mas afirmou que "isto acontece em tempo de guerra".

O secretário de Estado britânico para o Desenvolvimento e África, Andrew Mitchell, expôs "a condenação inequívoca do Governo relativamente ao assassinato terrível de sete trabalhadores humanitários da World Central Kitchen, incluindo três cidadãos britânicos" e solicitou "uma investigação rápida e transparente, partilhada com a comunidade internacional", apelando a "uma responsabilização total", em comunicado. 

O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, escreveu na rede social X que tinha falado com o seu homólogo israelita, Israel Katz, para sublinhar que as mortes dos trabalhadores humanitários eram "completamente inaceitáveis".


"Israel tem de explicar urgentemente como é que isto aconteceu e fazer mudanças importantes para garantir a segurança dos trabalhadores humanitários no terreno", afirmou David Cameron na sua última publicação.

Berlim, Washington e Otava exigem investigação “rápida” e "completa"
A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, apelou a Israel para que “conduza uma investigação rápida e exaustiva”, sobre a morte dos sete trabalhadores humanitários num ataque aéreo israelita em Gaza, numa mensagem publicada na rede social X.

"Os trabalhadores humanitários devem poder fazer o seu importante trabalho com toda a segurança, em todo o mundo, e também em Gaza (...) incidentes como este não podem acontecer", escreveu a ministra alemã.


O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, apelou esta terça-feira a uma investigação “rápida e imparcial”, durante uma conferência de imprensa em Paris.

"Falámos diretamente com as autoridades israelitas (...) e pedimos-lhes que conduzam uma investigação rápida e imparcial para compreender exatamente o que aconteceu", afirmou.

Também a ministra canadiana dos Negócios Estrangeiros, Mélanie Joly, condenou o ataque e disse estar horrorizada ao ouvir relatos do ataque das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) que tirou a vida a sete funcionários da World Central Kitchen, incluindo um cidadão canadiano.


"Condenamos estes ataques e apelamos a uma investigação completa. O Canadá espera uma responsabilização total por estas mortes e transmitiremos isto diretamente ao governo israelita. Os ataques contra o pessoal humanitário são absolutamente inaceitáveis", afirmou a ministra no X.
"Acontece em tempo de guerra"
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descreveu o ataque militar aéreo como “um caso trágico em que as nossas forças atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza”, mas afirmou que “isto acontece em tempo guerra”.

Numa declaração em vídeo, o primeiro-ministro israelita, acrescentou que estava "a investigar a fundo, estamos em contacto com os governos e faremos tudo para que não volte a acontecer”.

O porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, disse esta terça-feira aos jornalistas que a morte dos sete funcionários da ONG humanitária World Central Kitchen, do célebre chef espanhol José Andrés, na Faixa de Gaza, é o "resultado inevitável da forma como esta guerra está a ser conduzida atualmente".

A ONG explicou, em comunicado, que “apesar de ter coordenado os movimentos com o exército israelita, o comboio foi atingido quando saía do armazém de Deir al-Balah, onde a equipa tinha descarregado mais de 100 toneladas de ajuda alimentar humanitária transportada para Gaza por via marítima”.

As vítimas do ataque aéreo israelita, segundo a World Central Kitchen (WCK), são oriundas do Reino Unido, da Austrália, da Polónia e da Palestina, assim como um cidadão com dupla nacionalidade: americana e canadiana.

c/agências
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