O Instituto de Controlo e Combate à Tripanossomíase (ICCT) anunciou hoje que se registaram nos primeiros nove meses deste ano 775 novos casos de doença do sono em sete províncias de Angola, de que resultaram 25 mortos.
Os dados do ICCT referem-se ao período entre Janeiro e Setembro e abrangem as províncias do Bengo, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Malange, Uíge, Zaire e Luanda, consideradas endémicas, onde se estima que residam mais de 2,7 milhões de pessoas em risco de contraírem a tripanossomiáse (doença do sono).
A situação é especialmente grave na província do Uíge, onde 1,3 milhões de pessoas correm o risco de contrair a doença do sono, enquanto no Cuanza Norte se estima que mais de 500 mil pessoas também se encontrem em zonas de risco.
Nos primeiros nove meses deste ano, os técnicos do ICCT realizaram exames a cerca de 74 mil pessoas, que permitiram detectar 775 casos de doença do sono.
O maior número de casos foi registado no Cuanza Norte, com 330 novos doentes, seguindo-se as províncias de Luanda (148), Bengo (99) e Malange (82).
Neste período foram ainda registadas 25 mortes provocadas pela doença do sono, das quais 16 ocorreram na província do Cuanza Norte e sete em Luanda.
Em Agosto, o director do ICCT, Josenando Teófilo, alertou para a falta de verbas no combate contra a doença do sono, salientando que seriam necessários cinco milhões de dólares anuais, mas apenas foi disponibilizado um milhão este ano.
"Precisamos de cinco milhões de dólares anuais para combater a doença, mas a verba actualmente disponibilizada ronda apenas um milhão de dólares e é quase toda absorvida no pagamento de salários", afirmou, na altura, aquele responsável sanitário.
A doença do sono é mortal de se não for tratada convenientemente ou se o tratamento for tardio, apresentando sintomas muito idênticos aos da malária e da gripe, nomeadamente a febre.
Os cursos de água, as florestas densas e as plantações de café, banana e cana-de-açúcar são os principais locais de transmissão da doença, que é causada pela picada da mosca tsé-tsé.
Em Angola, além das sete províncias consideradas endémicas, existem vectores de transmissão da doença nas províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Bié, Moxico, Cuando Cubango, Benguela e Cabinda.
No total, as autoridades sanitárias estimam que cerca de quatro milhões de angolanos vivam em zonas do país onde podem contrair esta doença.
As províncias do Huambo, Namibe, Huíla e Cunene são as únicas onde não está referenciada a doença do sono.
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