Os Estados Unidos admitiram estar "profundamente preocupados" com a situação em Israel, depois de o ministro da Defesa ter sido demitido. Um afastamento que se seguiu a um apelo para a interrupção da reforma judicial. No país, dezenas de milhares de israelitas saíram à rua para protestar contra a saída de Yoav Gallant do Governo e o presidente israelita apelou ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para "atuar com responsabilidade e coragem" e pôr fim "de imediato" ao processo legislativo da polémica que está a dividir o país.
"Os valores democráticos sempre foram e devem continuar a ser uma marca da relação EUA-Israel", salientou.
Por isso, os EUA continuam a instar “fortemente os líderes israelitas a encontrar um compromisso o mais rápido possível”, admitindo que o apoio norte-americano “à segurança e à democracia de Israel continua firme”.
Também o cônsul de Israel em Nova Iorque, Asaf Zamir, anunciou a sua renúncia pouco depois da demissão do ministro.
"Depois dos acontecimentos de hoje, chegou a hora de juntar-me à luta pelo futuro de Israel para assegurar que continue a ser um farol de democracia e liberdade no mundo", escreveu na conta da rede social Twitter.
The past 18 months as Israel’s Consul General in New York were fulfilling and rewarding, but following today’s developments, it is now time for me to join the fight for Israel's future to ensure it remains a beacon of democracy and freedom in the world. Here is the letter I sent: pic.twitter.com/Sfz8y3ALLv
— Asaf Zamir (@AmbAsafZamir) March 26, 2023
Desde então, os protestos contra as medidas começaram a espalhar-se pelo país e a juntar cada vez mais israelitas. No domingo, a decisão de Netanyahu de demitir o ministro da Defesa aconteceu menos de 24 horas depois de este ter pedido publicamente a interrupção da polémica reforma judicial. "Digo em voz alta e publicamente, que para o bem do Estado de Israel e dos nossos filhos, devemos interromper este processo legislativo", disse Gallant, no sábado, durante uma intervenção na televisão.
O Governo pretende aprovar a lei esta semana, o que tem motivado a intensificação de protestos contra a reforma. E a decisão de demitir o ministro da Defesa mostra que o Governo israelita não quer recuar no plano da reforma do sistema judicial. Gallant, um ex-general do exército, é uma figura influente no partido Likud, de Netanyahu e um dos principais pilares de apoio do Executivo.Protestos intensificam-se após demissão no Governo
Após a demissão do responsável pela Defesa, dezenas de milhares de israelitas saíram à rua em diferentes zonas do país, como Telavive, Jerusalém, Haifa ou Beer Sheva, de acordo com os órgãos de comunicação social locais.
Em Telavive, milhares de pessoas bloquearam o tráfego na principal artéria da cidade, empunhando bandeiras israelitas e gritando "democracia, democracia". Já em Jerusalém, várias centenas de manifestantes romperam um dos cordões de segurança, perto da residência do primeiro-ministro, e entraram em confronto com a polícia.Na sequência da demissão de Gallant, a central sindical israelita Histadrut anunciou esta segunda-feira "uma greve geral imediata".
Esta segunda-feira, o presidente de Israel pediu ao primeiro-ministro para "atuar com responsabilidade e coragem" e pôr fim "de imediato" ao processo legislativo da polémica reforma judicial que está a dividir o país.
"Pelo bem da unidade do povo de Israel, pelo bem da responsabilidade necessária, peço que ponham fim ao processo legislativo de imediato", afirmou Isaac Herzog, em comunicado, perante as maiores manifestações de sempre no país e se encontra à beira de uma greve geral.