Recurso a tropas norte-coreanas mostra "desespero" russo, afirma primeiro-ministro britânico
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou hoje que, a confirmar-se a presença de tropas norte-coreanas na Rússia para reforçar o seu exército, isso demonstraria "o nível de desespero" de Moscovo na sua guerra contra a Ucrânia.
"A Rússia está a enfraquecer", acrescentou Keir Starmer, após uma reunião em Berlim com os líderes da França, Alemanha e Estados Unidos, insistindo que os aliados continuam "absolutamente determinados" em acelerar o apoio a Kiev.
"Embora a situação seja incrivelmente difícil, também é verdade que a Rússia está a ficar mais fraca. Esta guerra está a absorver 40% do seu orçamento. No mês passado, a Rússia sofreu o maior número de baixas diárias até agora", vincou.
Na quinta-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou a presença de 10.000 militares norte-coreanos a caminho da Rússia para combater na Ucrânia e reforçar as posições russas.
Nesse dia a NATO não se pronunciou, mas a Coreia do Sul avançou durante a madrugada com a informação de que militares norte-coreanos estão a preparar-se para partir para território russo.
Hoje, os serviços secretos sul-coreanos adiantaram que as tropas norte-coreanas -- compostas por 12 mil soldados - destacadas para ajudar a Rússia na guerra na Ucrânia estão estacionadas em bases militares do extremo-oriente russo e deverão ser enviadas para combate após treino.
O nível de colaboração militar entre Moscovo e Pyongyang -- reforçado durante a visita do Presidente russo, Vladimir Putin, em junho, tem sido motivo recorrente de suspeita nas capitais ocidentais, já que a Rússia é um dos poucos países do mundo que mantém relações com o regime secreto de Kim Jong-Un.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.