Rebeldes reivindicam captura de segunda maior cidade síria

por Inês Moreira Santos - RTP
EPA

Depois de dias em confrontos violentos com o Exército, o grupo sírio de rebeldes anunciou ter conquistado e assumido o controlo da cidade Hama. O líder da organização islâmica, Abu Mohammed al-Jawlani, declarou "vitória" na tomada da segunda maior cidade do país e prometeu que "não haverá vingança".

A conquista de Hama pelos rebeldes sírios, depois de uma ofensiva e um avanço nos últimos dias pelo norte da Síria, é um novo golpe para o presidente Bashar al-Assad. O líder do grupo rebelde anunciou ainda o controlo de uma prisão e a libertação dos presos, numa altura em que as forças do Governo sírio retirou tropas da cidade, alegando que pretendiam “preservar vidas civis e evitar combates urbanos”.

Al-Jawlani dirigiu-se, entretanto, à população de Homs, cidade mais a sul que liga Alepo a Damasco, avisando que a “vossa hora chegou”. Nos últimos dois dias, os arredores de Hama tem sido palco de combates violentos com as forças do exército e os combatentes do grupo islâmita, mas assim que os rebeldes conseguirem entrar na cidade, os confrontos terminaram.

Na mesma declaração, divulgada em vídeo, o líder rebelde sírio apelou ao vizinho Iraque para se manter afastado do conflito. Dirigindo-se a Mohamed Chia al-Soudani, o primeiro-ministro iraquiano, Abu Mohammed al-Jawlani, cujos combatentes lançaram uma ofensiva contra as forças do presidente sírio Bashar al-Assad, pediu-lhe para evitar que “o Iraque entrasse na nova fornalha que está a acontecer na Síria”.

Abu Mohammed al-Jawlani dirige o grupo radical islamita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que lidera a coligação de rebeldes na ofensiva contra o poder sírio.

O responsável do HTS apelou ainda a Soudani para “impedir que o Hachd al-Chaabi intervenha no que está a acontecer na Síria”, numa referência a uma aliança de antigos grupos paramilitares apoiados pelo Irão e integrados durante vários anos nas forças armadas iraquianas.

“Há muitos receios e ideias – em que alguns políticos iraquianos acreditam – de que o que está a acontecer na Síria se vai espalhar ao Iraque. Digo firmemente que isto é completamente falso”, insistiu numa mensagem de vídeo publicada no canal Telegram dos rebeldes.

Recorde-se que o grupo armado iraquiano e pró-Irão Kataeb Hezbollah apelou no início da semana para que Bagdade enviasse tropas para a Síria em apoio das forças governamentais. O Kataeb Hezbollah já combateu na Síria ao lado de forças leais a Assad.

O Iraque afirmou já ter enviado veículos blindados para reforçar a segurança ao longo da sua fronteira de 600 quilómetros com a Síria. E, no sábado, Soudani disse a Assad que a segurança do país era essencial para a estabilidade de toda a região.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma organização não-governamental sediada no Reino Unido, informou na segunda-feira sobre o envio de cerca de 200 combatentes iraquianos pró-iranianos para a província de Alepo, na Síria, para apoiar as forças governamentais, que perderam o controlo da cidade homónima no domingo.

c/agências
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