Grupos armados do sul da Síria conquistaram hoje um posto fronteiriço com a Jordânia controlado pelas forças governamentais sírias, anunciou uma organização síria, pouco depois de a Jordânia ter anunciado o encerramento do posto.
"As fações armadas locais tomaram o controlo do posto fronteiriço de Nassib com a Jordânia, bem como dos postos de controlo e das cidades vizinhas", disse o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdul Rahman, à agência francesa AFP.
Ativistas da oposição síria publicaram vídeos nas redes sociais que mostram pessoas a invadir o posto fronteiriço com a Jordânia, que esteve nas mãos dos rebeldes até as forças governamentais recuperarem o seu controlo em 2018.
Ahmad al-Masalmeh, um ativista da oposição baseado em França, confirmou à agência norte-americana AP que homens armados locais capturaram Nassib e outras áreas na província de Daraa, no sul, onde a revolta contra o Presidente Bashar al-Assad começou em março de 2011.
As tropas sírias evacuaram os postos de controlo em várias áreas, incluindo as aldeias de Inkhil, Nawa e Jassem, acrescentou.
Pertencente à minoria alauita, um ramo do xiismo, o clã Assad governa a Síria com mão de ferro há mais de cinco décadas.
Bashar sucedeu ao seu pai Hafez em 2000. Em 2011, enfrentou uma revolta popular que se transformou numa guerra civil, durante a qual reprimiu duramente o movimento de protesto.
Em 27 de novembro, uma coligação dominada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS, Organização pela Libertação do Levante), antigo ramo sírio da Al-Qaida, lançou uma ofensiva sem precedentes no noroeste do país.
No espaço de poucos dias, os rebeldes apoderaram-se de vastas áreas do norte da Síria e de uma grande parte de Alepo, a segunda maior cidade do país, o avanço mais espetacular em 13 anos de guerra.
Alepo está fora do controlo de Damasco pela primeira vez desde o início da guerra civil, um importante revés para o regime de Bashar al-Assad, que lançou uma contraofensiva.
Em pouco mais de uma semana, a violência causou a morte de 826 pessoas, incluindo 111 civis, segundo o OSDH, uma organização não-governamental com sede no Reino Unido que possui uma vasta rede de fontes na Síria.
Também foram contabilizados 280.000 deslocados, de acordo com a ONU.
A cidade estratégica de Hama caiu nas mãos dos rebeldes na quinta-feira, aumentando a pressão sobre o governo de Bashar al-Assad.
Situada a sul de Alepo, Hama controla a estrada para Homs, cerca de 40 quilómetros a sul, e para a capital Damasco, duas grandes cidades ainda nas mãos do governo.
Depois da entrada dos rebeldes em Hama, os habitantes saíram à rua para os aplaudir e derrubaram uma estátua do antigo Presidente Hafez al-Assad, segundo imagens autenticadas pela AFP.
Publicadas nas redes sociais na noite de quinta-feira, as imagens fizeram lembrar as do derrube de uma estátua do antigo Presidente iraquiano Saddam Hussein na Praça Al-Fardous, no centro de Bagdad, em abril de 2003.