Rebeldes Huthis do Iémen revelam míssil de combustível sólido semelhante a iraniano

por Lusa

Os rebeldes Huthis do Iémen revelaram hoje um novo míssil de combustível sólido no seu arsenal, que se assemelha a um anteriormente apresentado pelo Irão e que Teerão disse ter capacidade para atingir velocidades hipersónicas.

Os Huthis dispararam na segunda-feira o seu novo míssil, com o nome `Palestina`, que é completo com uma ogiva pintada como um lenço palestiniano `keffiyeh`, em direção ao porto de Eilat, no sul do golfo de Aqaba, em Israel.

O ataque fez disparar as sirenes de ataque aéreo, mas não causou danos ou ferimentos, noticiou a agência Associated Press (AP).

Imagens divulgadas pelos Huthis na quarta-feira à noite mostravam o `Palestina` a ser erguido no que parece ser um lançador móvel e a ser lançado, deixando um rasto de fumo branco.

O fumo branco é comum em mísseis de combustível sólido, que podem ser montados e disparados mais rapidamente do que aqueles que contêm combustível líquido.

Esta é uma preocupação fundamental para os Huthis, uma vez que os seus locais de lançamento de mísseis têm sido repetidamente alvo de ataques dos EUA e das forças aliadas nos últimos meses, devido aos ataques dos rebeldes a navios através do corredor do mar Vermelho em reação à guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.

Os rebeldes descreveram o `Palestina` como um míssil "fabricado localmente". No entanto, não se conhece capacidade dos Huthis para fabricar sistemas complexos de mísseis localmente no Iémen, o país mais pobre do mundo árabe, que tem sido assolado pela guerra desde que os rebeldes tomaram a capital, Sana, há quase uma década.

Os Huthis têm sido, no entanto, repetidamente armados pelo Irão durante a guerra, apesar do embargo de armas das Nações Unidas.

Embora o Irão afirme que não abastece de armas os Huthis, navios apreendidos pelos EUA e os seus aliados encontraram armamento iraniano, combustível para mísseis e componentes a bordo.

Os meios de comunicação social iranianos noticiaram o lançamento do `Palestina`, descrevendo-o como fabricado localmente, citando os Huthis.

Mas os elementos de `design` do míssil lembram outros mísseis desenvolvidos pela Guarda Revolucionária paramilitar do Irão, como o `Fattah`, ou `Conquistador` em farsi.

O Irão revelou o míssil no ano passado e afirmou que poderia atingir Mach 15 -- ou 15 vezes a velocidade do som. Também descreveu o alcance do míssil em até 1.400 quilómetros.

Em março, a agência de notícias estatal russa RIA Novosti citou uma fonte anónima alegando que os Huthis tinham um míssil hipersónico.

"Embora não possamos dizer com certeza a que versão exata corresponde o `Palestina`, podemos dizer com grande certeza que se trata de um míssil de combustível sólido avançado e guiado com precisão e fornecido pelo Irão", realçou Fabian Hinz, um especialista em mísseis e investigador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

Questionado sobre a semelhança entre o `Palestina` e os seus mísseis, a missão do Irão nas Nações Unidas disse à agência Associated Press (AP) que Teerão "não se envolveu em qualquer atividades que contrarie" as resoluções da ONU.

As armas hipersónicas, que voam a velocidades superiores a Mach 5, podem representar desafios cruciais aos sistemas de defesa antimísseis devido à sua velocidade e capacidade de manobra.

Os mísseis balísticos voam numa trajetória na qual sistemas antimísseis como o Patriot, fabricado nos EUA, podem antecipar a sua trajetória e intercetá-los.

Quanto mais irregular for a trajetória de voo do míssil, como um míssil hipersónico com capacidade de mudar de direção, mais difícil se torna a sua intercetação.

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