Rebeldes Houthi do Iémen reivindicam ataques contra navios no Mar Vermelho
Os rebeldes iemenitas Houthi, apoiados pelo Irão, reivindicaram hoje o ataque a dois navios ao largo do Iémen, acrescentando que embarcações "israelitas" foram alvo de retaliação pela guerra entre Israel o movimento palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
Num comunicado publicado nas redes sociais, os Houthis afirmaram ter realizado uma "operação contra dois navios israelitas no Estreito de Bab el-Mandeb", uma via navegável estratégica que liga o Mar Vermelho ao Golfo de Aden, visando o primeiro com um míssil e o segundo com um `drone` (aeronave não-tripulada).
Segundo o comunicado, os navios foram identificados como "Unity Explorer" e "Number Nine". O grupo rebelde disse que os ataques ocorreram após as embarcações terem rejeitado mensagens de alerta.
Os rebeldes disseram que continuarão a atacar navios israelitas "até que cesse a agressão de Israel" na Faixa de Gaza.
No início do dia, a empresa de segurança marítima Ambrey informou que um navio de carga britânico foi atingido por foguetes no Mar Vermelho.
"Um cargueiro britânico que arvora a bandeira das Bahamas foi supostamente atacado por foguetes enquanto cruzava o Mar Vermelho, aproximadamente 34,5 km a oeste-noroeste de Mocha, no Iémen", disse a Ambrey.
O navio terá sido atingido por um foguete", acrescentou a empresa de segurança marítima.
De acordo com a Ambrey, a propriedade e a gestão do navio atacado estavam ligadas a Dan David Ungar, um cidadão britânico identificado como residente israelita no principal anuário de negócios da Grã-Bretanha.
A agência britânica de segurança marítima UKMTO indicou, por sua vez, ter recebido um relatório sobre a atividade de um `drone`, "incluindo uma potencial explosão", "perto de Bab el-Mandeb" no Iémen, aconselhando os comandantes dos navios na região a "terem cautela".
Também o Pentágono revelou hoje que o navio de guerra norte-americano USS Carney e vários navios comerciais foram atacados no Mar Vermelho.
Estes incidentes ocorrem em pleno aumento das tensões no Mar Vermelho, após os rebeldes Houthi terem tomado o navio mercante Galaxy Leader com seus 25 tripulantes em 19 de novembro.
O Galaxy Leader era operado por uma empresa de navegação japonesa, mas pertencia a uma empresa britânica propriedade de um empresário israelita.
Dias depois, dois mísseis balísticos foram lançados de uma área controlada pelos rebeldes no Iémen, caindo a cerca de 10 milhas náuticas de um `destroyer` dos Estados Unidos, o USS Mason, segundo o Pentágono.
Na quarta-feira, uma embarcação militar dos Estados Unidos que navegava no sul do Mar Vermelho abateu um `drone` lançado de uma área do Iémen controlada pelos Houthis.
Os rebeldes fazem parte do chamado "eixo de resistência" contra Israel, juntamente com grupos palestiniano Hamas e libanês Hezbollah, todos apoiados pelo Irão, e que têm lançado uma série de `drones` e mísseis contra Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza.
Milícias pró-iranianas também retomaram hoje os seus ataques contra instalações com presença dos Estados Unidos no Iraque e na Síria pela primeira vez após o fim, na sexta-feira, da trégua entre Israel e o movimento islamita Hamas na Faixa de Gaza.
O grupo Resistência Islâmica no Iraque afirmou num comunicado publicado na rede Telegram que os seus combatentes atacaram "a base de ocupação dos Estados Unidos Hajar-Khirbet al Jir, no nordeste da Síria, com uma grande barreira de foguetes e atingiram os seus alvos diretamente".
Este novo ataque em solo sírio foi precedido por outro contra uma base militar com presença norte-americana no aeroporto de Erbil, no norte do Iraque, onde a Resistência Islâmica disse ter lançado um `drone` durante a última madrugada.
A guerra em curso no Médio Oriente começou em 07 de outubro, após um ataque do braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de `rockets` para Israel e a infiltração de cerca de 3.000 combatentes que mataram mais de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestraram outras 240 em aldeias israelitas próximas da Faixa de Gaza.
Em retaliação, as Forças de Defesa de Israel dirigiram uma implacável ofensiva por ar, terra e mar àquele enclave palestiniano, fazendo mais de 15.000 mortos, deixando cerca de 6.000 pessoas sepultadas sob os escombros e 1,7 milhões de deslocados, que enfrentam uma grave crise humanitária, perante o colapso de hospitais e a ausência de abrigo, água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
As partes cessaram as hostilidades durante uma semana no âmbito de uma trégua mediada por Qatar, Egito e Estados Unidos, mas os confrontos regressaram na sexta-feira após falta de entendimento para prorrogar o acordo.