Quase metade das pessoas de ascendência africana na União Europeia enfrenta racismo, discriminação e crimes de ódio no quotidiano, na procura de emprego ou de habitação. A conclusão é da Agência para os Direitos Fundamentais (FRA), que divulgou esta quarta-feira um relatório que indica que o racismo é "abrangente e implacável" e que está a aumentar na Europa.
De acordo com o estudo da Agência para os Direitos Fundamentais, pessoas de ascendência africana são frequentemente “alvo de tratamento injusto e preconceito quando procuram emprego ou casa”. A discriminação, o racismo e a violência “continuam a assombrar” a vida quotidiana de milhares de pessoas na União Europeia e “não são incidentes isolados”.
Já em 2018, no relatório “Ser Negro na UE” a FRA concluiu que o racismo estava “generalizado em toda a Europa”. Cinco anos depois, Michael O’Flaherty considera que é “vergonhoso reconhecer que o racismo continua abrangente e implacável” e que aumentou nos últimos anos.
“Mas muito disto permanece invisível. Incidentes de discriminação racial, assédio racista e atos de violência muitas vezes não são denunciados, sendo negado às vítimas o apoio a que têm direito legalmente”, continua o responsável da FRA.
“Sem estes dados tão necessários, a discriminação racial permanece invisível. As vozes das pessoas não ouvidas”, critica.
Cerca de 45% dos afrodescendentes sofrem racismo na UE
Este relatório é divulgado numa altura em que a comunidade internacional apela a uma “ação rápida para combater a crise sistémica”.
Segundo o estudo da FRA, 45 por cento das pessoas de ascendência africana que vivem na União Europeia dizem que foram vítimas de discriminação racial nos últimos cinco anos. No relatório anterior, a agência europeia indicava que a percentagem de afrodescendentes do espaço comunitário que denunciavam casos de racismo era de 39 por cento – isto é, houve um claro aumento desde então.
O mesmo documento revela que os países onde se registam mais casos de discriminação racial e social são a Alemanha e a Áustria, nos quais mais de 70 por cento dos inquiridos admitiu ser alvo de racismo. Contudo, considerando que apenas 9 por cento das vítimas denunciou atos ou casos de discriminação, a FRA adverte que o problema “permanece invisível”.
Segundo os dados apurados, as mulheres jovens, as pessoas com formação superior e as que usam vestuário religioso são as mais suscetíveis a tornar-se vítimas de discriminação racial, sendo mais afetadas na hora de procurar casa ou trabalho – cerca de 34 por cento dos inquiridos afirmou ter sido discriminado quando procurava emprego e 31 por cento já foram alvo de discriminação no local de trabalho.
E comparando com a população em geral, “é mais provável que tenham apenas contratos temporários e que sejam demasiado qualificados” para o trabalho que exercem.
Enfrentar o racismo, atitudes e comportamentos
O relatório da Agência para os Direitos Fundamentais aponta ainda para o maior risco de pobreza de pessoas de ascendência africana, em comparação com a população em geral, considerando o aumento da inflação e do custo de vida na União Europeia.
“Cerca de 33 por cento enfrentam dificuldades para fazer face às despesas quotidianas e 14 por cento não têm dinheiro para aquecer as suas casas, em comparação com 18 por cento e 7 por cento da população em geral”, refere a FRA, acrescentando que, para os cidadãos da UE de ascendência africana, encontrar um local para viver é mais difícil do que para a população em geral.
Ao tentar encontrar alojamento, destaca ainda a FRA, “31 por cento dos inquiridos afirmaram ter sido vítimas de discriminação racial”, uma tendência em crescimento desde 2016.
Tendo por base estes dados, Michael O’Flaherty lamenta que o “racismo esteja tão profundamente enraizado nas nossas sociedades” e considera que estas conclusões suscitam uma reflexão sobre a “alarmante falta de progressos, apesar da legislação vinculativa antidiscriminação na UE desde 2000”.
“Enfrentar o racismo de frente, serve para enfrentar atitudes e comportamentos individuais. É um passo em frente positivo, mas o seu efeito duradouro irá depender da sua extensão e do compromisso renovado da UE e dos Estados-Membros”, continuou.
“É chocante constatar que não houve melhorias desde o nosso último inquérito, em 2016. Pelo contrário, as pessoas de ascendência africana enfrentam cada vez mais discriminação apenas por causa da cor da pele”, lamenta o diretor da FRA, citado no relatório.
“O racismo e a discriminação não devem ter lugar nas nossas sociedades. A UE e os seus Estados-membros devem utilizar estas conclusões para direcionar melhor os seus esforços e garantir que também as pessoas de ascendência africana possam usufruir dos seus direitos livremente, sem racismo ou discriminação”, conclui o responsável.
O documento da FRA analisou as respostas de mais de 6.700 pessoas de ascendência africana que vivem em 13 países da UE: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal e Suécia.
Este relatório é divulgado numa altura em que a comunidade internacional apela a uma “ação rápida para combater a crise sistémica”.
Segundo o estudo da FRA, 45 por cento das pessoas de ascendência africana que vivem na União Europeia dizem que foram vítimas de discriminação racial nos últimos cinco anos. No relatório anterior, a agência europeia indicava que a percentagem de afrodescendentes do espaço comunitário que denunciavam casos de racismo era de 39 por cento – isto é, houve um claro aumento desde então.
O mesmo documento revela que os países onde se registam mais casos de discriminação racial e social são a Alemanha e a Áustria, nos quais mais de 70 por cento dos inquiridos admitiu ser alvo de racismo. Contudo, considerando que apenas 9 por cento das vítimas denunciou atos ou casos de discriminação, a FRA adverte que o problema “permanece invisível”.
Segundo os dados apurados, as mulheres jovens, as pessoas com formação superior e as que usam vestuário religioso são as mais suscetíveis a tornar-se vítimas de discriminação racial, sendo mais afetadas na hora de procurar casa ou trabalho – cerca de 34 por cento dos inquiridos afirmou ter sido discriminado quando procurava emprego e 31 por cento já foram alvo de discriminação no local de trabalho.
E comparando com a população em geral, “é mais provável que tenham apenas contratos temporários e que sejam demasiado qualificados” para o trabalho que exercem.
Enfrentar o racismo, atitudes e comportamentos
O relatório da Agência para os Direitos Fundamentais aponta ainda para o maior risco de pobreza de pessoas de ascendência africana, em comparação com a população em geral, considerando o aumento da inflação e do custo de vida na União Europeia.
“Cerca de 33 por cento enfrentam dificuldades para fazer face às despesas quotidianas e 14 por cento não têm dinheiro para aquecer as suas casas, em comparação com 18 por cento e 7 por cento da população em geral”, refere a FRA, acrescentando que, para os cidadãos da UE de ascendência africana, encontrar um local para viver é mais difícil do que para a população em geral.
Ao tentar encontrar alojamento, destaca ainda a FRA, “31 por cento dos inquiridos afirmaram ter sido vítimas de discriminação racial”, uma tendência em crescimento desde 2016.
Tendo por base estes dados, Michael O’Flaherty lamenta que o “racismo esteja tão profundamente enraizado nas nossas sociedades” e considera que estas conclusões suscitam uma reflexão sobre a “alarmante falta de progressos, apesar da legislação vinculativa antidiscriminação na UE desde 2000”.
“Enfrentar o racismo de frente, serve para enfrentar atitudes e comportamentos individuais. É um passo em frente positivo, mas o seu efeito duradouro irá depender da sua extensão e do compromisso renovado da UE e dos Estados-Membros”, continuou.
“É chocante constatar que não houve melhorias desde o nosso último inquérito, em 2016. Pelo contrário, as pessoas de ascendência africana enfrentam cada vez mais discriminação apenas por causa da cor da pele”, lamenta o diretor da FRA, citado no relatório.
“O racismo e a discriminação não devem ter lugar nas nossas sociedades. A UE e os seus Estados-membros devem utilizar estas conclusões para direcionar melhor os seus esforços e garantir que também as pessoas de ascendência africana possam usufruir dos seus direitos livremente, sem racismo ou discriminação”, conclui o responsável.
O documento da FRA analisou as respostas de mais de 6.700 pessoas de ascendência africana que vivem em 13 países da UE: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal e Suécia.