Há uma localidade na Turquia que tem mais de 300 castelos abandonados ao estilo da Disney. A crise imobiliária e a recessão económica do país travaram a venda do complexo de palácios Burj al-Babas, localizado em Mudurnu. Agora é apenas uma cidade-fantasma com centenas de castelos inabitados.
Em conjunto com o parceiro Bulent Yilmaz, decidiram apostar em Mudurnu, uma pequena cidade termal localizada entre Istambul e Ankara, conhecida pelas suas fontes termais e águas milagrosas.
Procuravam atrair os árabes ricos dos países do Golfo, dado que um terço dos compradores estrangeiros é de países como o Kuwait e o Bahrein, de acordo com a Associação de Investimento no Mercado Imobiliário.
As luxuosas moradias possuem torres inspiradas em edifícios de Istambul, varandas brancas e tetos pontiagudos, estendendo-se numa área de cem hectares. Os proprietários podem escolher entre três diferentes configurações, com decoração distinta. Em comum, têm um jacuzzi em cada piso, e têm a opção de incluir um elevador ou uma piscina interior.
Umit Bektas - Reuters
Cada castelo tem acesso à água termal da região, que "cura doenças do estômago e pedras nos rins", assim como "problemas de pele, reumatismo e hérnias discais", disse Mezher Yerdelen ao New York Times.
Cada castelo tem acesso à água termal da região, que "cura doenças do estômago e pedras nos rins", assim como "problemas de pele, reumatismo e hérnias discais", disse Mezher Yerdelen ao New York Times.
O preço da moradia depende da localização, mas encontra-se entre os 350 mil e os 440 mil euros.
Conjuntura económica e política desfavorável prejudicou negócio
Ao início, o grupo Sarot, empresa dos irmãos, vendeu cerca de 350 casas a investidores árabes. O negócio parecia correr bem, beneficiado por uma conjuntura positiva – o Presidente Erdoğan estabeleceu que quem comprasse uma propriedade no valor de 220 mil euros ganharia o direito à cidadania.
Em 2001, o Governo turco introduziu reformas no setor imobiliário para investidores estrangeiros, assim como novas hipotecas, o que levou a um investimento crescente em apartamentos de luxo e casas de verão, sobretudo em Istambul e na costa do mar Egeu.
Cincos anos depois do início do projeto, que previa a construção de 732 palácios, apenas cerca de 300 foram construídos na totalidade, e a maioria está abandonada.
Umit Bektas - Reuters
O motivo? Sobretudo, uma nova conjuntura, desta vez instável. Um ataque terrorista no aeroporto de Istambul em 2016, a recessão económica a subida abrupta da taxa de inflação, a desvalorização da lira turca e a descida dos preços do petróleo, entre outros.
O motivo? Sobretudo, uma nova conjuntura, desta vez instável. Um ataque terrorista no aeroporto de Istambul em 2016, a recessão económica a subida abrupta da taxa de inflação, a desvalorização da lira turca e a descida dos preços do petróleo, entre outros.
Vários compradores cancelaram os contratos. Outros pararam as transações. O grupo acabaria praticamente asfixiado por dívidas no valor de 23 milhões de euros.
Mas a empresa continua otimista, esperando que os investidores dos países do Golfo apostem no Burj al-Babas. "Precisamos de vender apenas 100 moradias para saldar a nossa dívida", disse Mezher Yerdelen, que acredita que é possível superar a crise "em quatro a cinco meses e inaugurar parcialmente o projeto em 2019".
Quanto aos palácios que não foram vendidos, o grupo espera poder dividi-los em apartamentos para arrendar.