Poucas horas após a queda, um canal na plataforma Telegram ligado ao grupo Wagner anunciou a morte do líder da Wagner. “Um herói da Rússia, um patriota desta terra, Yevgeny Prigozhin morreu como resultado de ações de traidores dentro da Rússia”, lê-se nesse canal. “Mas, mesmo no inferno, vai ser o melhor! Glória à Rússia!”.
Pouco depois, a Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia (Rosaviatsiya) indicou que Prigozhin era um dos passageiros do jato privado que se despenhou.
Segundo a mesma fonte, estava também entre os passageiros Dmitry Utkin, um dos fundadores do grupo Wagner e ex-oficial das forças especiais russas.
"De acordo com a companhia aérea, os seguintes passageiros estavam a bordo do avião Embraer - 135", disse Rosaviatsiya, citando os nomes de Prigozhin e Utkin.
Anteriormente, a Rosaviatsia tinha anunciado uma investigação à queda. "Foi lançada uma investigação à queda do avião Embraer que ocorreu esta noite na região de Tver. Na lista de passageiros está o nome e apelido de Yevgeny Prigozhin", disse a entidade.Segundo as agências Ria Novosti, TASS e Interfax, os
serviços de emergência confirmaram que todos os passageiros do avião
morreram na queda, entre os quais três pilotos.
A agência russa de notícias TASS tinha avançado pouco antes que Prigozhin poderia estar no avião que caiu na região de Tver, 150 quilómetros a norte de Moscovo, quando fazia o percurso da capital até São Petersburgo.
Segundo a imprensa russa, os oito corpos já encontrados estão completamente carbonizados, pelo que provavelmente serão necessários testes de ADN para serem identificados.
A Rússia avançou entretanto que irá investigar o que considera um “caso criminal”, tendo já começado essa investigação no local do incidente. Moscovo diz querer estabelecer as causas da queda do avião.
Antes de o canal ligado à Wagner ter confirmado a morte de Prigozhin no Telegran, bloggers ligados ao grupo avançaram que havia dois aviões de Prigozhin no ar e que um deles aterrou de forma segura no aeroporto de Moscovo, enquanto o outro caiu.
Essa informação trouxe suspeitas de que o líder da Wagner poderia estar vivo. Várias pessoas referem que Prigozhin possuía passaportes de várias nacionalidades e acreditam que pode agora abrigar-se num país africano.
Corpo do avião caiu a dois quilómetros de uma asa
Dados de monitorização de voo consultados pela Associated Press confirmam que um jato particular registado em nome da Wagner, e que Prigozhin havia usado anteriormente, descolou de Moscovo esta noite e que o seu sinal desapareceu minutos depois.
O avião ter-se-á desintegrado no ar. Imagens de vídeo entretanto divulgadas mostram uma asa e um estabilizador a cair sobre uma zona onde se encontra uma estação ferroviária.
O corpo do avião e a outra asa terão caído sobre uma povoação a dois quilómetros de distância.
Noutras imagens divulgadas nas redes sociais vê-se, aparentemente, peças de um avião em chamas no chão.
O Ministério de Situações de Emergência da Rússia indicou que as operações de busca já começaram perto da vila de Kujenkino, na região de Tver, onde o aparelho Embraer Legacy se despenhou.
O governador de Tver, Igor Rudenia, assumiu o controlo pessoal da investigação sobre o sucedido com o avião civil.
Anton Gerashchenko ex-vice-ministro e atual conselheiro do Ministério do Interior da Ucrânia, partilhou no Twitter imagens não verificadas dos destroços do avião e disse ser “previsível” que isto tivesse acontecido.
“Vai ser interessante descobrir quem mais estava a bordo do avião. Algumas informações indicam que Dmitriy Utkin [militar russo e presumível fundador do grupo Wagner] estava lá também”, escreveu.
O episódio ocorre
depois de, em junho, Prigozhin ter liderado um motim contra as Forças Armadas russas. O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, anunciou na altura um acordo com o chefe da Wagner e o presidente russo para pôr fim às 24 horas de tumulto.
O acordo incluiu a transferência das tropas Wagner da Rússia para a Bielorrússia, para auxiliar no treino das forças armadas bielorrussas. O armamento pesado dos mercenários terá ficado na Rússia.
A população ucraniana está a encarar a possibilidade da morte de Prigozhin como uma boa surpresa, já que este foi o líder da linha da frente das tropas russas na zona do Donbass.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já reagiu ao sucedido esta quarta-feira, dizendo não ficar surpreendido com a possível morte do chefe do grupo mercenário Wagner. "Ainda não sei bem o que aconteceu, mas não estou surpreendido. Poucas coisas acontecem na Rússia sem que Putin tenha algo a ver com isso", frisou.
c/ agências